segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
A cartomante
Desatinada pra saber o futuro, e desacreditada da sorte, foi ela em busca de alguém que lhe contasse o destino.
Indicação de uma amiga de uma amiga disse que essa era porreta, lá foi ela em busca de uma verdade pra chamar de sua.
A casa simples onde ela entrou, não parecia promissora o suficiente para alguém que prevê futuros brilhantes. Será que a cartomante já tinha previsto que seu futuro seria fadado aquela simples casa caindo aos pedaços?
Resolveu guardar o preconceito na bolsa, junto com o papel onde estava anotado o endereço, e lembrou-se de ser o mais vaga possível em suas colocações. Afinal, a gente sempre quer testar o quão vidente uma pessoa pode ser.
Sentou-se em frente a mulher, que obviamente tinha um olhar lunático e perdido, e um cigarro fedido em suas mãos. Não era, mas poderia ser a cena de qualquer filme ou novela, ou até mesmo um conto do Nelson Rodrigues.
Quando a cartomante olhou para ela pela primeira vez disse:
_ O que voce veio buscar aqui?
Ela engoliu seco, e pensando o que diabos estava fazendo ali, respondeu:
_ Eu não sei.
Foi então que ela achou que a cartomante ia mandá-la embora. Mas não. Ela voltou o seu olhar languido para o teto e pediu:
_ Corte o baralho.
E assim ela fez. As cartas foram virando na mesa.
A cartomante friamente ia fazendo caras e bocas, como se não soubesse muito bem o que estava fazendo. E ela tremia a cada suspiro da outra, achando que o pior ainda estava por vir.
A cartomante então disse:
- Vejo filhos em seu futuro..
Após uma longa pausa, ela reuniu coragem e perguntou:
- E o que mais?
A cartomante respondeu seca:
- Mais nada!
A vontade dela foi de levantar e jogar todo aquele baralho velho no chão.
Chutar a mesa, bater na cartomante, gritar a plenos pulmões..
Mas a única coisa que conseguiu fazer foi concordar com a cabeça docilmente..
A cartomante riu com o canto da boca e disse em tom suave, como se tivesse virado outra pessoa:
_ Na verdade minha filha, eu vejo a mesma coisa todos os dias.
Mulheres e homens que querem saber subitamente de seu destino. Querendo que eu revele mais do que eles precisam saber.
E ao longo do tempo, percebi que só trago mais incerteza e indecisão para a cabeça dessas criaturas.
Se digo algo bom, subitamente eles perguntam se algo ruim vai acontecer.
Se digo algo ruim, eles negam..e dizem que eu não sei do que estou falando.Então, decidi que agora só revelo o que acho que tenho que revelar.
Voce terá filhos..ponto.
Não sei quando, nem sei se voce já tem, nem se quer ter..
Não me interessa..
Se voce não quiser pagar, isso não seria a primeira vez nem será a última.
Mas se eu puder te dar o conselho, aqui vai ele: Deixa o futuro pra mais tarde.
Voce não será mais ou menos feliz se souber disso agora.
E foi então que ela se sentiu segura, pela primeira vez desde que havia entrado naquela casa. Começou a reparar e viu fotos de pessoas pela casa, viu que apesar do cigarro, a mulher mantinha um semblante sereno.
O olhar perdido na verdade mirava um quadro com algumas pessoas, e ela então entendeu.
Entendeu que o futuro era feito de escolhas, e que as escolhas estão no agora, e também no passado. Entendeu que ela tinha se tornado aquilo que podia e que deveria e que nem um fato estrondoso podia mudar o que ela já tinha vivido.
Era o futuro..tenebroso como ele só, a esperar.
Agradeceu pela consulta e pagou. Pagou pelo insight, pela conversa e pelo aprendizado.
Pensou em ter filhos, em não te-los, em marcar uma hora com o ginecologista. Mas aí, tomou um café na padaria da esquina e deixou que a sua versão do futuro cuidasse desse tratado.
Ouvindo_Linha do Equador_Caetano Veloso
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Tempo
Não é fácil aprender que pra tudo nessa vida, existe um tempo certo. Para alguns, mais pacientes, e confesso que cada vez em menor número, é um aprendizado gostoso e que demore o que demorar, é sempre suficiente.
Mas pra mim, e para a maioria das pessoas que conheço, o tempo embora necessário demora muito para que chegue. Há pressa mesmo em tudo que queremos e fazemos, e há necessidades a serem vividas, experimentadas, sentidas..e mesmo assim, nessa nossa correria de querer tudo e, mesmo quando tudo insiste em acelerar o tempo comanda o destino, dando cadência ao que tanto ansiamos.
Mudar de cidade, de trabalho, de vida tem que ser pra ontem, tem que ser já..é o que pensamos nós, os ansiosos. Quando na verdade as coisas precisam desse processo lento de mutação para que se assentem, para que se ajeitem.
Fiquei um tempo sem escrever pois precisava mesmo acertar os ponteiros do meu relógio pessoal, e parar de dar diagnósticos de hora em hora sobre minha situação corrente. É preciso espera.
Não espera que estagna, congela. Mas a espera de deixar que as coisas sigam seu contorno, sigam seu fluxo diário.
Nos últimos dias, tenho refletido sobre essa vontade imensa de que tudo sei lá, aconteça de fato. Mas a verdade é que enquanto eu escrevo, tudo já acontece, distante..muito distante do meu controle. E é exatamente aí, que quero permanecer.
Literalmente deixando a vida fazer o seu papel, deixando que as coisas aconteçam a contento.
Mania nossa, aliás, minha, de querer controlar o incontrolável. Estou aprendendo a me perder do tempo, da hora, daquilo que gostaria de ser, do que eu não consigo imaginar.
O tempo é sábio..uma hora, a minha hora há de chegar!
Ouvindo_The Lumineers_Ho Hey
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Eu, me amo?
Amar, amar mesmo, a gente aprende amando a si mesmo, certo?
Aquele amor próprio, protetor, amigo, compreensivo. Só a gente sabe ter, não é mesmo?
Desconfio que não.
Sei lá se me amo tanto assim.
Me vejo a todo momento alimentando uma culpa imensa do que sou e do que eu não sou. A todo momento me julgando e me criticando. Pior ainda, nunca me perdoando pelo que já foi.
Amor? Não sei..
Acho que estou mais pra uma paixão comigo mesma, só querendo ver o lado positivo dessa história minha para comigo. Um relacionamento velado e sigiloso com aquilo que eu acho é meu lado bom.
E os meus outros lados, escondidos, imperdoáveis, ficam a mercê da terapia, que me ajudam a ver quem eu realmente sou.
Preciso aprender a me amar plenamente. Aceitar meus defeitos, com compaixão. Entender que a gente pra amar ao próximo como a si mesmo, primeiro precisa se amar de fato. Não um amor fiel depositário das alegrias e cobrador de agruras. Um amor caridoso, compreensivo.
Vejo que sempre tinha a ideia de que me amava, mas na verdade, era algoz de mim mesma. Sabatinando minhas dores, achava que purificava minha alma. Quando, pelo contrário nutria os piores sentimentos sobre mim. E isso se refletia em tudo, mesmo que nas questões mais imperceptíveis.
Maltratava meu corpo e meu cabelo por não achá-los condizentes com uma verdade que sequer se aplicava a mim. Maltratava minhas idéias, para que elas coubessem dentro de um padrão aceitável sabe se lá por quem. Maltratava minha personalidade, negando meus verdadeiros instintos, sem poder entendê-los por medo simplesmente de não ser aceita, já que nem eu mesma me aceitava.
E de tanto negar meu self interior, deixei que alguns acreditassem na máscara que vesti por tanto tempo.
Quando ela deixou de ser útil, tratei de arrumar outra, pra enganar minha fiel perseguidora e quase sempre deixar que o meu todo ficasse despercebido.
E quanto desamor..e quanta mágoa..
Tudo isso para enganar o ego e fugir da dor.
Fingindo amar, me sabotava.
Quando pude me ver, comecei a entender que a beleza está em saber-me assim, completa de defeitos e qualidades que fazem desta escritora, a melhor pessoa do mundo...para mim.
Ouvindo_Violin Sonata K.378_Mozart
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Clichê, clichê
É tanta coisa que acontece, que eu já nem sei mais sobre o que escrever.
É tanto assunto, opinião, coisa bonita que se vê, que não dá nem tempo de compilar os sentimentos e entender, antes que vire mais um clichê. Tanta criatividade, montagem, fuleragem que se vê por aqui, que eu ainda não consegui sair do primeiro paragrafo com algo consistente pra dizer.
Pode ser que tenha virado um balaio de idéias, um cachepozinho observador do mundo, algo assim que veja além de mim. Algo que não saia do papel, algo que permaneça nulo, intacto, inatingível.
É tanto assunto, opinião, coisa bonita que se vê, que não dá nem tempo de compilar os sentimentos e entender, antes que vire mais um clichê. Tanta criatividade, montagem, fuleragem que se vê por aqui, que eu ainda não consegui sair do primeiro paragrafo com algo consistente pra dizer.
Pode ser que tenha virado um balaio de idéias, um cachepozinho observador do mundo, algo assim que veja além de mim. Algo que não saia do papel, algo que permaneça nulo, intacto, inatingível.
Como a ideia que surge no meio de um sonho, e vai embora, silenciosa enquanto se tenta desesperadamente fazer alguma associação que te lembre daquilo em algum momento.
E eu continuo buscando um motivo, que justifique toda essa série de linhas, algo bonito, grandioso..ou simples e singelo como a flor que está a desbotar na janela aqui do quarto..
E eu continuo buscando um motivo, que justifique toda essa série de linhas, algo bonito, grandioso..ou simples e singelo como a flor que está a desbotar na janela aqui do quarto..
Mas eu permaneço reticente...
Tento acompanhar a música que toca, e criar algo do tamanho exato de uma canção..
um texto de 3 minutos, uns segundos pra faltar..
escrever o silêncio, não é o mesmo que silenciar..
e não consigo..
sigo sem proposito, sem motivo, sem objetivo..
paro nessa linha, pra reler o que não sei..
e encontro alegria
talvez na arte, na poesia ou na música que permanece a tocar..
de clichê em clichê até o mundo acabar.
Ouvindo_Music and Light_Bic Runga
sábado, 12 de janeiro de 2013
Sentir-se em casa
A intimidade do banheiro? É o barulho familiar do caminhão de gás passando lá fora? Os cheiros da cozinha?
O que é estar em casa para você?
Para mim, estar em casa e sentir o conforto da minha cama. Mesmo que em alguns dias, eu não ache ela tão confortável assim. É escolher minhas roupas no armário, é saber onde está o chá, fazer o meu café.
Estar em casa é precioso.
Estar em casa é precioso.
Mas viajar! Ah, viajar é divino.
Pois quando a gente viaja, o mundo passa a ser nossa casa. E nos lares de outros, fazemos nossa morada.
Pois quando a gente viaja, o mundo passa a ser nossa casa. E nos lares de outros, fazemos nossa morada.
Digo isso pois estive recentemente em Florianópolis, visitando uma grande amiga, e mesmo sem nunca ter posto os pés na casa dela, me senti em casa. Protegida, acolhida, amada. Estava em casa, mesmo longe do meu ninho.
Parece piegas, e as vezes até é mesmo, mas gosto disso. De achar meu espaço, no espaço alheio. De me sentir a vontade, de poder brincar com a minha percepção do que é meu e o que é do outro. Desapegar da rotina e experimentar um pedacinho de vida em outro lugar.
Mas existem lugares, que ao contrário da casa da minha amiga, não nos fazem sentir acolhidos. Pelo contrário. Permanece a sensação de desabrigo, mesmo que embaixo do teto, sentado no sofá. Aquele despertencer incomodo e que também faz parte de viajar. É quase como uma sensação de estrada constante, como se quiséssemos sair dali logo pra outro lugar, pois falta o que ver, sentir, olhar.
Gosto muito de viajar, e gosto muito da estrada, aliás, gosto do caminho. Avião, ônibus, carro..pouco importa. A mudança de paisagens, as pessoas, os sotaques, os costumes, os hábitos. Viajar é observar o outro e a si mesmo, de ângulos muito peculiares.
Quando partimos do nosso lugar seguro, estamos nos sujeitando as coisas como elas realmente são. E que nada tem de certas, perfeitas.
Elas só são diferentes de nós, do caminho que fazemos todos os dias para o trabalho, dos restaurantes que conhecemos, dos preconceitos que temos. Quando viajamos, viramos nossas próprias casas, abertas para a rua chamada Vida, a espreita da sorte que nos valha e dos santos que nos protejam até a volta.
Ouvindo_Vida Real_Engenheiros do Hawaii
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Tenho pressa
Tenho tanta pressa de que as coisas ocorram.
De que tudo dê certo, que dessa vez eu acerte.
Tenho pressa, pois algo além de mim urge, chama..
Implora que aconteça.
Tantos outros, como eu, vivem a vida, a caber-se no seu tempo e no seu espaço. Mas não eu.
Eu tenho pressa de que as coisas andem, mesmo sabendo que as vezes, elas andam ao contrário. Mesmo sabendo que de tanto ter pressa, já me atrasei. Mesmo sabendo que a paciência é prece para a perfeição.
Eu tenho pressa de que as coisas andem, mesmo sabendo que as vezes, elas andam ao contrário. Mesmo sabendo que de tanto ter pressa, já me atrasei. Mesmo sabendo que a paciência é prece para a perfeição.
E de tanta coisa que corre e que pulsa por aí, tenho pressa de tudo que é bom.Tenho pressa de realização, de felicidade. Tenho pressa para receber aquele convite inesperado, pra viagem que não chega, para o fim de noite acompanhada..
Mas a pressa..ela castiga. Ela atormenta e cobra o seu preço.
Tive tanta pressa em buscar minha felicidade, que sai atropelando tudo, pra mudar,
Tive pressa em escolher, e muitas vezes, escolhi errado. Tive pressa em amar, e desandou.
Tive pressa em ser o que eu gostaria, e não fui nada.
Tive tanta pressa em buscar minha felicidade, que sai atropelando tudo, pra mudar,
Tive pressa em escolher, e muitas vezes, escolhi errado. Tive pressa em amar, e desandou.
Tive pressa em ser o que eu gostaria, e não fui nada.
Hoje, me divido na ansiedade de acontecer, e na paciência de saber que tudo ocorre a contento.
Mesmo querendo, torcendo, vibrando para que tudo se transforme depressa, percebo o silencioso transformar da natureza, e assim me calo.
Mesmo querendo, torcendo, vibrando para que tudo se transforme depressa, percebo o silencioso transformar da natureza, e assim me calo.
Percebo o nascimento de um bebê, e sua espera resiliente e diante disso, me resigno.
Acho que no fim das contas, tenho pressa mesmo é de ser paciente.
Ouvindo_Sol das Lavadeiras_Zé Manoel
Acho que no fim das contas, tenho pressa mesmo é de ser paciente.
Ouvindo_Sol das Lavadeiras_Zé Manoel
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
A minha cidade
Uberlândia, é o nome da cidade.
Uma cidadela no interior de Minas, com aquele jeitão de cidade grande, mas com jeitinho de gente de cidade pequena. Em Uberlândia, tudo é diferente do que se conhece em outros lugares.
Mas como a maioria das cidades, apresenta seu lado bom e seu lado ruim.
Saí de Uberlândia, não por odiar a cidade, embora eu achasse as vezes que era por isso, mas porque eu nutria nada secretamente uma paixão visceral pela cidade de São Paulo. E depois de quase 08 anos fora da minha terra natal, a saudade agora, aperta um cadiquinho, toda vez que vou lá.
Talvez seja porque algumas coisas, e foram muitas, floresceram na cidade. Ruas que cresceram, movimento que aumentou, muita coisa nova, mais lugares integrados, mais novidades, mais locais de cultura e arte, enfim..Uberlândia cresceu e amadureceu.
As pessoas também se modificaram..
Minha família mudou, meus amigos mudaram, e talvez por eu não me sentir tão parte deste lugar mais, é que ele me encante tanto.
Me sinto uma estranha em Uberlândia.
E isso, é positivo.
Nunca gostei daquela coisa de ser reconhecida nos lugares, de saber quem era quem, ou comentar sobre as pessoas "mais importantes" da sociedade porque enfim, eu não dava a mínima. Só queria viver minha vida tranquila, podendo ser quem eu era, num lugar onde quase todo mundo queria permanecer igual.
Mas, e as coisas boas?
Poxa, Uberlândia tem uma qualidade de vida excelente. Dá pra ir almoçar em casa todo dia, se quiser.
Dá pra ir caminhar no parque todo dia, sem pegar duas horas de trânsito. Dá pra fazer academia, comer bem, sair com os amigos sem ter que deixar todo o salário do mês.
Poxa, dá até pra emagrecer em Uberlândia.
Afinal, toda vez que eu venho aqui tá todo mundo tão bem, que eu sempre acho que a culpa de eu estar umas toneladas acima do peso, é de São Paulo.
E falando em comer..nunca vi um lugar tão barato pra se comer bem. Tá certo que Sampa tem diversas opções e coisa e tal, mas de que adianta, se
Uberlândia, tem uma beleza singela. O sol da manhã, com o céu azul no verão e sem a poluição no meio, dão a sensação que você está respirando de verdade. E mesmo que você transpire muito por conta do calor, vale a pena.
Vale a pena caminhar no centro e encontrar o bar que costumava frequentar com o pessoal da faculdade, vale a pena andar pela Av. Rondon Pacheco e perceber que muita coisa mudou e muita coisa permaneceu. Vale a pena encontrar com as pessoas tão simples da cidade, principalmente nos bairros mais afastados do centro, onde algumas coisas permanecem quase primitivas, e pra mim, quase irreais.
Uberlândia, abre-se diante dos meus olhos de maneira diferente, admito.
Sem todo aquele glamour de São Paulo...sem toda a tragédia que eu imaginava pensar, se um dia voltasse pra lá.
Minha cidade é outra.
Em transformação natural, em amadurecimento lento, em desabrochar tardio.
Uberlândia floresce pra mim, que ainda não encontrei em Sampa, minha grande realização.
E abre-se em possibilidades..
Talvez esse seja um devaneio tolo, banal, e eu esteja delirando diante das minhas frustrações cotidianas, mas vá lá. Vale a pena sonhar.
Afinal, todo lugar é lugar pra quem nunca teve um sonho feliz de cidade!
Ouvindo_Soma_The Strokes
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
primeiríssima permissão
Imagino que não deva ser somente eu que me perco as vezes nas madrugadas da vida, com a cabeça cheia de idéias, o coração acelerado e sem conseguir dormir. Acho que isso assombra até o mais pacato dos seres humanos, mesmo que vez ou outra.
Mas aí, eu fiquei ali apreciando o silêncio daquele momento. Fiquei deixando minha mente navegar naquela escuridão, deixando os sentimentos virem a tona, quase que numa terapia intensa comigo mesma. Naveguei por entre medos, sonhos, desejos, realidades.
Fiquei ali, olhando para o led dos receptores da tv, a luzinha piscando do celular, e ouvindo os sons da casa.
Contemplava a existência, por assim dizer.
Numa noite de primeiro de janeiro com muitas questões a serem respondidas, e quase nenhuma resposta assertiva em minha mente, deixei-me conduzir por aquele emaranhado de coisas que circundavam minha cabeça.
Me emocionei, me critiquei, me perdoei, me entendi.
Rezei. Pois é preciso ter fé que tudo irá melhorar, que as coisas vão mudar, que esse despermanecer intenso que me consome, pode sim me mover pra algum lugar. E aí, desejei que todo mundo que se preste, devia conversar mais consigo, ouvir mais a própria cachola, entender mais o que o corpo está dizendo. Que devia ser obrigatório, ou vital, sentar só por alguns instantes e deixar que a cabeça fale, que o coração ensine, que o mundo faça silêncio para que se possa ouvir. Mesmo que diante de tanto barulho e de tanta informação que circula, que estejamos prontos para calar.
E nesse desconectar madrugal, me vi ali sentada na cama, como nunca antes. Sem medos do escuro, sem medos do que eu não via, sem medo de sentir, de bagunçar as idéias, sem medo de não fazer sentido.
Na madrugada do primeiro dia, pela primeira vez, me permiti.
Ouvindo_Trying to Pull Myself Away_Trilha de "Once"
2013
Onde andam os meus sonhos? Meus momentos felizes? Minha coragem de ser quem eu sou?
Onde anda a minha cara lavada, meus rabiscos diários, minha personalidade mutante?
Onde andei eu, todo esse tempo?
Andei caminhos vacilantes, perdida em sonhos torturantes
imagens do que não vivi
andei por entre meus medos e mais ainda por meus desejos de realidade que não existiram mais em mim
mais importante do que tudo isso, são as coisas diárias,
as pequenezas, as corajosas gentilezas de parar de me punir
que o ano que se inicia seja de coragem e transformação
que seja de bençãos
de união
que seja pra eu realmente
me ouvir.
Ouvindo_barulho do ar condicionado
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
no final eu digo..não
Incrível como nascemos programados para buscar a aceitação alheia. Quando crianças, ao primeiro som de um "não pode", choramos aflitos.É a primeira negação das nossas vontades, e por conseguinte do que somos e do que acreditamos. Ou assim nos parece, dentro de longos e sofríveis anos da nossa vida.
Para alguns, e eu me incluo nisso, o aprendizado do não é uma tarefa difícil. Até porque, não queremos "ser maus" rejeitando os outros. Aceitamos tudo, porque no fundo, não queremos que isso aconteça com a gente. Vamos a compromissos detestáveis, festas evitáveis, lugares indesejáveis só pra não dizer: hoje eu não vou. Queremos ser aceitos, minha gente!
Porque se você disser não pode ser que pegue mal, alguém vai ficar chateado, vão te levar a mal, quem sabe você não seja mais convidado, e aí, você vai, mesmo sem querer para o compromisso, porque quando for sua vez de convidar, certamente vão aceitar.
Só que não.
Nem sempre as pessoas dizem SIM pra gente.
Aos poucos vamos percebendo que tem gente que fala um não numa facilidade, que chega até a arrepiar o ouvinte. E te colocam naquela situação mentalmente constrangedora do: "Mas como? Eu já fui em tanta coisa
Pois é, mas não existe regra pra essas coisas, e muito menos pra vontade alheia.
E aí, você que adora aceitar uma coisa qualquer só pra não contrariar, fica com a maior cara de tacho, quando alguém te diz NÃO.
Eu pelo menos, não considerava nada palatável. Mas, aprendi que essas pessoas, verdadeiras desbravadoras das conveniências sociais, muitas vezes são mal interpretadas.
Sabe porque?
E se de repente a pessoa vai, e estraga tudo? E se arranja uma briga? E se magoa alguém? Não é pior?
Então, vendo tudo isso acontecer, comecei a ensaiar meus pequenos não's diários. E aceitar com mais felicidade o não dos outros.
Confesso, que o primeiro não dito com propriedade, é bem estranho. A pessoa te convida com aquele sorriso grande, cheio de expectativas e você diz: "Não, meu caro, eu não vou!".
Juro que fiquei esperando uma pedrada na cabeça, ou uma palavra mais ríspida. Mas o fato é que o outro foi tão pego de surpresa que não conseguiu reagir. E voilá! Olha quem ficou livre de um compromisso chato!
Poisé..
Mas, pior que o Não, assim deslavado. É a tal do NÃO disfarçado de desculpa.
Aquele "Ihh, não vai dar..tenho que levar o cachorro da minha mãe no médico.." ou então "Ah, acho que tem um aniversário.." ou "Nossa, preciso ver, cara.."
Eu sei porque, já dei essas desculpas..várias vezes.
E não é porque eu não gostava da pessoa..é simplesmente porque eu não queria ir lá.
Não achei interessante, poxa! Pra que que eu vou?
Mas ficava me sentindo culpada por ter que disfarçar com uma desculpa que poderia ser facilmente desmentida a qualquer momento. E, é bem certo que a outra pessoa ficou achando que o problema era com ela.
Mas a vida tem dessas coisas. E algumas delas são corriqueiras a todos. Quer ver?
Por exemplo, aquele compromisso anual (seja ele qual for), com aquele pessoal da família/trabalho/grupo de estudo com quem você não é muito chegado. Sabe como é?
A situação se desenrola mais ou menos assim:
Primeiro, você não quer ir. As pessoas insistem e então, você tenta desviar.
É pego então na tentativa de te entenderem, com a velha pergunta: Mas porque você não quer ir?
Você responde, e inventa alguma coisa. Daí, arranjam uma solução pro seu problema que nem existe.
A armadilha foi armada, você caiu..e é aí, que você diz SIM, querendo dizer NÃO e faz a maior besteira da sua vida. Porque com certeza só será ruim pra você, indo ao mau fadado compromisso.
Então, quero propor um ato de coragem a todos meus amigos e leitores que frequentam esse blog.
Vamos começar a ser mais diretos. Acabar com uma convenção social que mata diariamente as relações, por acabar com a beleza da sinceridade.
Se quem convidou foi um amigo, com certeza vai te entender.
E se for alguém que ficou chateado, é porque com certeza não merece estar em seus círculos sociais.
Só pra contrariar um pouco este texto, eu mesma, ando precisando é dizer mais SIM.
Tô meio enjoadinha de dizer não, pra tudo que me convidam.
Quem sabe..
....cenas dos próximos capítulos..
Ouvindo_Mulheres de Atenas_Chico Buarque
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
O poder do outro
De fato, não sei nada sobre relacionamentos. Sei pouquíssimo sobre as pessoas e menos ainda sobre a vida. Então decidi escrever um texto pra falar do pouco que eu sei, e que tenho observado em mim, e claro, nos outros.
Venho querendo falar sobre isso a dias, e não encontrava maneira de desenhar em palavras o que descrevesse o que eu percebi. Talvez, vá parecer muito óbvio pra você que me lê, ou talvez o leitor não faça a mínima ideia do que estou falando, mas isso é menor dos problemas.
Relacionamentos baseiam-se em afeto mutuo, respeito, carinho e uma pitada de sexo, certo?
Bem, pode parecer simplista mais a grande parte das coisas que se busca em uma relação estão aí. Mas são muitos os tons de cinza, dentro desse preto e branco.
E não, eu não estou falando do tal livro famoso.
Se isso é o que buscamos numa relação, porque depositamos tanto no outro, a responsabilidade de sermos felizes? Porque, esperamos que essa pessoa que está do nosso lado, que é cheia de medos e inseguranças e sonhos e tudo o mais que importa assim como nós, seja tão culpada diante de nossa incapacidade de nos doarmos sem pedirmos nada em troca.
Talvez seja uma questão de auto conhecimento, auto responsabilidade, respeito próprio, e por favor consciência do que se está fazendo para o outro e com o outro, que nos metemos nessas grandes enrascadas de amor, porque ah..o outro..tão malvado, tirou de mim o que eu sei lá que eu queria dele.
Venho observando isso a algum tempo, e me toca saber que existem pessoas que não sabem sequer porque se encontram em um relacionamento. É tão confuso para elas o que elas estão procurando ali, que em seus discursos quase sempre escuto que o problema é sempre com o outro.
O outro que não me ama como eu acho que deveria ser amada. O outro que não me entende e que não vê os sacrifícios que eu fiz pela relação, o outro que não deixa de fazer o que quer enquanto eu abro mão de tudo.
E aí, nessas conversas, eu sempre me vejo em algum relacionamento do passado, depositando as mesmas dúvidas e inseguranças nas outras pessoas. Quantas vezes eu me senti humilhada, ou me senti vítima de uma relação que eu mesma tinha cavado. Quantos homens eu julguei como maus, cafajestes, ou coisa que não valha enquanto era eu que permitia que eles fizessem o que achavam que era certo, comigo.
Onde foi que eu assinei o contrato que dava plenos poderes àquelas pessoas para fazerem tudo aquilo comigo?
Eu não assinei nada. Só me abstive de ter opinião, de saber quem eu era, da certeza do que eu queria. Na verdade eu acreditei de maneira inocente que a opinião do outro, era a mesma que a minha. E aí, meus caros amigos, é que está o problema.
O outro é diferente, poxa. Ele é outro.
Vive pensando outras coisas, tem visões diferentes, sonha coisas que você nem imagina e tem uma opinião sobre você, que de verdade, você mesmo não conhece.
Então porque, eu pergunto, porque achar que essa pessoa vai te dar aquilo que você, e só você acha que é certo?
Ilusão, decepção, enganos.
Quantas das decepções amorosas se dão porque se vive um relacionamento egocêntrico, baseado no que eu acho que é certo, sem pensar que o outro do lado de lá tem outras ideias na cabeça e de repente pode não concordar comigo.
Nós, minha gente, temos que ser felizes porque somos assim, naturalmente.
Porque o outro é parte importante que complementa, que partilha, que dá e recebe sem cobrar a conta no final.
Que nós, em 2013, sejamos mais fiéis conosco, que conheçamos melhor a nós mesmos, que saibamos separar o que é nosso e o que é do outro, para que possamos amar com mais plenitude e mais compaixão.
Que sejamos do time daqueles que fazem os outros felizes, e não o contrário.
Que façamos para os outros somente aquilo que desejamos que seja feito para nós. Afinal, tem lições que de tão simples, se tornam imortais.
Feliz dezembro!
Ouvindo_The Strokes_Alone, Together
sábado, 24 de novembro de 2012
Tudo passa, tudo passa...
Não há quem duvide da certeza de que tudo na vida passa.
Passa a dor, passa a alegria, passa a tristeza e o momento de felicidade. Passa tudo que há de ser e o que já foi, pois a vida é esse eterno transformar-se.
Não vejo graça em permanecer única, indivisível, rígida. Prefiro a flexibilidade de uma boa gargalhada, ou de uma lágrima que corre sincera pelo rosto de alguém que sofre. Prefiro a dignidade do assumir-se fraco, e permitir que o medo englobe o que de mais nobre existe em se proteger.
Prefiro as pessoas bambas, a quem recorro sempre a contar meus sonhos, chorar meus enganos e perceber-me refugiada no abraço da palavra de um amigo à dureza dos braços que envolvem mais não acolhem, dos sorrisos plásticos que não alimentam a alma, da conversa comedida, do pisar em ovos.
Não acho que estamos todos errados, e sim, em pontos distintos de uma geração que padece de calma. Não aquela calma plácida e solitária, mas da calma do silêncio remediador, que fala através do nada.
Estamos todos aí, vivendo em direções tão opostas e tão perdidos. As vezes tão carentes de perdão.
As vezes só precisando de uma mão.
Precisamos do outro, pra perceber em nós a fraqueza de sermos tão pequenos, para espelharmos em nós o que de mais belo encontramos no outro. Pra dividir com todos nossa humanidade em plenitude.
Passa a dor, passa a alegria..tudo passa.
Até mesmo a crônica mambembe e sem graça, recheada de clichês.
Isso tudo pra dizer que tenho me observado no outro, e ele é mais belo do que eu jamais poderia ser, só.
Ouvindo_Saudosismo_Caetano Veloso
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
O medo da dor
Na semana passada, na minha sessão de coaching do Jardim do Ser, veio a seguinte questão:
Do que a Luciana tem medo?
Meio relapsa eu respondi de pronto, que não sabia..
Mas venho pensando nisso desde então, e acho que eu cheguei a algumas questões..
Sabe do que eu tenho medo?
De tudo!
É bizarro assumir isso, assim, do nada, mas é isso mesmo..
Ando meio medrosa..amedrontada com o que a vida quer me oferecer de bom, ou de ruim.
Me arrisco até a dizer que, um certo medo de dar certo, me consome.
Sempre acho que isso não é pra mim, que eu não tenho talento, que eu sou meio preguiçosa, que sou meio isso, meio aquilo..
E olha que grande
Ter medo de tanta coisa! E sem nem saber direito do que ..
Começo a perceber que toda essa minha busca em ser alguém, em ter um trabalho que ame, e em fazer algo que goste pode estar amarrada a esse meu medinho tolo, que só me impede.
Minha Coach é sábia!
E devo a ela esse insight..
Pegando o gancho da história do medo..
dia desses resolvi que ia jogar bola, sabe?
Futebol de salão, ou futsal como chamam alguns!
Sempre fui fã de jogar bola, sempre amei futebol e calhou de ter a oportunidade.
Meio sem graça, cheguei na quadra onde estavam as outras meninas, e me apresentei.
Não senti muita firmeza no pessoal..e muito menos em mim, mas fui lá me embrenhar na peleja.
Fiquei no time dos meninos, que entraram pra inteirar o jogo, e claro, me dei mal.
Corria, pulava, pedia a bola..e nada.
Eles só tocavam entre si e eu ficava lá, correndo de um lado pro outro..
Mas, na fatídica hora que a bola veio para os meus pés, só fiz burrada..
toquei errado..depois, joguei pra fora...depois chutei torto..
e finalmente, quando eu ia dominar uma bola na linha de fundo, apoiei meu pé direito de maneira incorreta e girei meu corpo em cima dele. De repente eu não via mais a quadra, eu só senti meus ossos, tendões e tudo que tem dentro, retorcendo em uma forma estranha, senti um estralo e puuff!
Cai no chão, já tirando o tênis e em desespero..
Nunca tinha torcido o pé, logo, nunca tinha sentido aquela dor..
e aí, amigo, não adiantava ter medo, ter cuidado, ter me antecipado..
estava lá eu, sentada no chão, segurando meu pé, com um bando de desconhecidos olhando atônitos a cena.
A professora trouxe gelo..
e eu fiquei lá..só pensando na dor, na dor..na dor..
Fiquei observando meu pé duplicar de tamanho e o jogo que continuava na quadra.
Quando eu finalmente sentei no carro pra ir embora, desabei num choro!
Sabe aquele choro de criança quando machuca?
Aquele choro que alivia?
Chorei largado!
Chorei demais!
Depois foi passando..eu fui me acalmando..
pensando que tudo aquilo era uma bobagem..que eu não devia ter ido sem me preparar..
que eu não estava usando uma chuteira adequada, que eu isso, que eu aquilo..
E sabe do que mais?
O choro sessou, a dor diminuiu, a raiva passou..
Sobrou o pé inchado e eu..
O resultado não do medo, mas da falta de tato.
Da falta de consciência de mim mesma, de me conhecer a ponto de saber que eu não estava pronta pr'aquilo, de saber que eu não iria a voltar a jogar como antes sem treino e sem preparo..
Que ninguém ia me passar a bola, pois não estava escrito na minha cara que eu jogava bem, muito menos diante dos meus passes.
Ou seja, a prepotência em pessoa..
Achando-me a tal, e mal consegui ficar em pé, no primeiro jogo.
Muitas lições aprendidas na queda..
mas a maior talvez seja a de que a dor ensina.
Ensina mais, mais rápido e melhor..
Ouvindo_Chico Buarque_Apesar de você
sábado, 17 de novembro de 2012
Olhar pro passado + Faxina de fim de ano
Ontem chegou aquele dia da faxina de fim de ano.
Abrir armários e gavetas e ir fazendo uma reciclagem de tudo que presta, não presta, do que vai ser doado..
do que vai pro lixo..e abrir espaço pro novo, já como um preparo para o novo ano que está chegando.
Assim, permito que as coisas mudem de lugar e se transformem diante do meu cotidiano, fazendo também que eu veja de outra forma e reconheça que tenho o necessário, o suficiente.
O momento não poderia ser mais oportuno, já que durante a semana tive resgates tão importantes com o meu passado. E fazer limpeza em casa, nada mais é que reencontrar-se a todo instante com o que já foi.
É pertinente porém ter uma trilha sonora acompanhando momentos como esse, de renovação. Falei mais sobre isso no blog O Som Lá de Casa.
Faxinas (de dentro da gente ou de fora) precisam acontecer como um processo lento de readequação de coisas que não cabem mais em determinados lugares.Coisas que precisam ganhar novos espaços, novas utilidades.Sentimentos confusos foram dando espaços a compaixão, perdão, compreensão.
Muitas gavetas cheias de espaço, preenchido com coisas novas e boas. Muitas roupas doadas, muito aprendizado sobre o ter e o precisar.
Fazendo esta reflexão, e abrindo um pouco mais da intimidade a partir daqui, gostaria de compartilhar algo interessante.
No começo da semana, pedi ao Universo que me desse a chance de me reconciliar com uma amiga, que a muito não vejo, e com quem tenho enorme pesar. Infelizmente, as tentativas até então foram em vão, fazendo com que eu me sentisse muito fraca em relação a isso.
Justamente nesta semana, surgiram dois amigos do passado, com quem eu tinha algum tipo de desafeto, mas que guardava ainda registrado em mim, aqueles bons momentos que vivemos, sobrepondo os momentos de menor alegria.
E não preciso dizer que, quando falamos com um verdadeiro amigo, mesmo depois de tanto tempo, é possível desfazer descrenças, rixas, brigas..e tudo virar um grande aprendizado, permanecendo o que de bom havia, deixando para lá as bobagens.
Esta faxina me deixou renovada.
A de casa, quase me matou de cansaço, mas retirou de dentro de casa, coisas que não faziam o menor sentido de estar lá..
A faxina de dentro, com esses dois belos presentes do universo, me deixou iluminada. E mesmo sabendo que ainda existem pessoas com quem não me resolvi, aquelas que reapareceram trouxeram novo ar, para que eu pudesse ter a certeza que tudo se transforma, se renova. Basta abrir a janela, arrastar os móveis do coração, e abrir espaço para tudo de novo entrar.
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O projeto de cuidar da saúde financeira e mental continua..
segue foto do fim de semana - com certeza, melhorando!
Ouvindo_Chico Buarque_Vida
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
de antigamente..
Você bem me conhece
e bem te apetece
saber me assim
descobre como me encontro
e como me desfaço
nas canções que a gente escolhia
e no meu desparato
enquanto te escondia
sabe até
da minha euforia
quando eu quero te contar
que te vi n'algum lugar
ou lembrei de você
e que voltei a sonhar
me conhecendo
assim, saberá sempre me encontrar
nesse mar sem fim
em qualquer lugar.
Ouvindo_O herói, o marginal_Mallu Magalhães
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Tantas coisas
Não era pra ser assim o meu começo de retomada de escrever..
mas nem tudo é como a gente gostaria, e muito menos como a gente previa que ia ser.
Meus primeiros dias de retomada de mudanças estão sendo "motivadores"..
continuo me sentindo fútil em escrever sobre isso no blog, já que eu havia parado de deixar minhas impressões tão pessoais aqui a algum tempo.
Mas acredito que isso seja também um retorno a quem eu realmente sou.
Consigo organizar melhor as idéias e tenho uma noção remota de onde estou, mas isso é só por enquanto.
No meu último texto, falei sobre começar, continuar e terminar e a parte do continuar, continua sendo a mais difícil.
Tenho mil idéias que vão desaparecendo ao longo do dia, e uma falta de força para começar que assusta.
Os blogs todos parados, o fim do ano se aproximando e muito de mim longe do que eu esperava, me dão a sensação que não andei para lado algum durante o ano todo.
Algumas coisas estão seguindo conforme o planejado.
A organização da vida financeira está indo bem.
O fato de estar home office agora, ajuda a não ter necessidades mentirosas e a não ficar tentada a comprar coisas que não preciso.
Parece bobagem, mas quando você sai pra almoçar em lugares cheios de lojas e coisas, é bem provável que você volte do almoço com uma ou duas sacolinhas na mão.
A parte da dieta/emagrecimento/necessidade de perder peso ainda esta em processo de adaptação.
Retomei a academia, e continuo me esforçando nas refeições diárias, mas se tem uma coisa em que eu sinto prazer, essa coisa é o comer bem.
E quem não gosta?
Sigo em frente, com passos pacientes e resignados.
Afinal, se tem uma coisa que eu descobri é que nada que pretende ser modificado para sempre acontece do nada.
As coisas precisam ir se ajeitando a seu tempo, e é essa noção de tempo que eu tenho pensado em modificar.
Afinal, se eu mudo, o mundo muda comigo? Certo?
#paciênciaéumavirtude #euprecisoparardeusarhashtags #ondeforamtodososleitores
Ouvindo_The Microscopic Septet - Lobster Leaps In
mas nem tudo é como a gente gostaria, e muito menos como a gente previa que ia ser.
Meus primeiros dias de retomada de mudanças estão sendo "motivadores"..
continuo me sentindo fútil em escrever sobre isso no blog, já que eu havia parado de deixar minhas impressões tão pessoais aqui a algum tempo.
Mas acredito que isso seja também um retorno a quem eu realmente sou.
Consigo organizar melhor as idéias e tenho uma noção remota de onde estou, mas isso é só por enquanto.
No meu último texto, falei sobre começar, continuar e terminar e a parte do continuar, continua sendo a mais difícil.
Tenho mil idéias que vão desaparecendo ao longo do dia, e uma falta de força para começar que assusta.
Os blogs todos parados, o fim do ano se aproximando e muito de mim longe do que eu esperava, me dão a sensação que não andei para lado algum durante o ano todo.
Algumas coisas estão seguindo conforme o planejado.
A organização da vida financeira está indo bem.
O fato de estar home office agora, ajuda a não ter necessidades mentirosas e a não ficar tentada a comprar coisas que não preciso.
Parece bobagem, mas quando você sai pra almoçar em lugares cheios de lojas e coisas, é bem provável que você volte do almoço com uma ou duas sacolinhas na mão.
A parte da dieta/emagrecimento/necessidade de perder peso ainda esta em processo de adaptação.
Retomei a academia, e continuo me esforçando nas refeições diárias, mas se tem uma coisa em que eu sinto prazer, essa coisa é o comer bem.
E quem não gosta?
Sigo em frente, com passos pacientes e resignados.
Afinal, se tem uma coisa que eu descobri é que nada que pretende ser modificado para sempre acontece do nada.
As coisas precisam ir se ajeitando a seu tempo, e é essa noção de tempo que eu tenho pensado em modificar.
Foto tirada no ano passado por Luciana Landim |
Afinal, se eu mudo, o mundo muda comigo? Certo?
#paciênciaéumavirtude #euprecisoparardeusarhashtags #ondeforamtodososleitores
Ouvindo_The Microscopic Septet - Lobster Leaps In
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Começar..continuar e terminar
Dizem que o mais difícil é começar..
Ahh depois que você der o primeiro passo, pronto..o resto se encaminha.
Não, não é bem assim..
Pelo menos, não para mim.
Não é a toa que a pessoa tem 5 blogs e todos eles estão jogados as traças..
Minha mania antiga de abandonar uma coisa recém começada por outra e não terminar nenhuma.
Sim, é um problema..
Mas não vou me auto flagelar..é um problema, e há de ter solução.
Por isso estou aqui escrevendo..
Pra voltar a praticar o que eu mais gosto de fazer, ou o que, no meio de tudo que eu já comecei e não terminei, sempre fica.
Mas, neste processo de entender o que acontece comigo, surgiram várias coisas escondidas.
Coisas como a minha ansiedade, minha impaciência que me atrapalham em muito a concluir minhas tarefas e os projetos que inicio. E me atrapalham ainda mais a entender o que eu realmente quero, enquanto pessoa e enquanto profissional.
Comecei um processo, meio silencioso sobre três coisas que me incomodam.
O primeiro, a vida financeira. Um fiasco!
Não, eu não ganho rios de dinheiro, mas também não sou uma paupérrima.
O dinheiro que ganho deveria ser suficiente. Mas não era.
Daí, visitando uma Expo Money aqui, assistindo a algumas palestras acolá e vendo algumas coisas na internet, percebi que poderia arrumar minha saúde financeira.
A segunda coisa é a minha saúde física.
Engordei, emagreci, fiz dieta, academia, engordei e emagreci de novo.
Aquela velha história. O fato é que estou acima do meu peso e bem, eu tenho condições físicas de manter uma boa alimentação e um corpo saudável.Mas não é o que está acontecendo.
Logo, fui me informar um pouco mais e descobri que também é possível ter um corpo bonito, e magro.
A terceira e última coisa, é a minha impaciência.
É ela que origina todos os meus problemas primários comigo mesma.
Desde a conta bancária até o número que aparece na balança.
E é com ela que eu pretendo me colocar frente a frente para poder ter uma caminhada mais tranquila.
Mas é aqui que está..
Onde encontrar paciência, calma e serenidade para fazer as coisas acontecerem a seu tempo, enquanto tudo urge, enquanto o cotidiano chama, enquanto a tela do skype pisca?
Onde encontrar o tempo para ver que tudo deve acontecer a contento..com calma, em ganhos espaçados, em aprendizados verdadeiros.
É nessa busca que eu entro, afim de encontrar a paciência e uma vida saudável física e financeira.
Vou
#umafotopordia #começareterminar #eumedesafio
Ouvindo_The Microscopic Septet_ Lobster Leaps In
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Reunião, pra que?
O mundo necessita de reuniões. Reuniões corporativas elementares, conferências, reuniões familiares, reuniões de projeto, reuniões de alinhamento de ideias, reuniões e mais reuniões que na maioria das vezes desperdiçam nosso tempo de tal maneira, que ficamos estáticos e não temos coragem de dar um basta na situação. Coloco-me em reuniões assim quase sempre.
E entre um ideia ou outra que será desprezada mais cedo ou mais tarde, ouço alegorias, exemplos, metáforas e casos que na verdade, ninguém dá a mínima. Lembro-me de um lugar onde trabalhei que na maior parte das reuniões que participava com os chefões, eram de um tédio sem tamanho. Para dar um exemplo do que estou dizendo, rolavam uns silêncios nada contemplativos onde ninguém dizia nada, e assim se ficava, até alguém de maior calibre hierárquico dizer o famoso “Então é isso pessoal” e depois saíamos todos desatinados cada um para sua sala.
Não concordo com essas reuniões intermináveis. Mais parece que a maior parte das empresas acha que isso é plausível e saudável. Tentei aplicar com um chefe que tive o método sintático de reuniões onde só trazia à tona as questões mais importantes e urgentes. Ele passou a achar que eu não fazia nada. Questionou meu desempenho e colocou em cheque meu trabalho. Mudei a estratégia, coloquei todos os mínimos detalhes das minhas tarefas, excruciei todo o meu trabalho, gastei um baita tempo e ele não se interessou.
Na verdade, ele queria saber de sentar comigo durante aqueles minutos e discutirmos coisas palpáveis e nada palatáveis. Ao contrário do que se imagina, eu saia de lá desmotivada, cheia de vontade de mandar o cara ir pra algum lugar desagradável e frustrava todo o meu trabalho executado. Imagino que existam empresas que resolvam de maneira fluida a questão da reunião. Mas depois de duas horas de falatório contínuo duvido que todo mundo esteja super interessado no tema.
É um pouco rebelde essa minha opinião, mas toda vez que me preparo para uma reunião demorada, penso que aquele tempo ali desprendido poderia ser utilizado em algo mais produtivo, mas útil. E não há saída senão sentar e ouvir, as digressões de pessoas que querem falar a exaustão. Os famosos interlocutores inveterados.
Não duvido que existam reuniões necessárias e importantes, mas palestras sem fim sobre coisas que não podem ser mudadas de uma hora pra outra, ou relatórios sem importância que só servem para sermos avaliados negativamente realmente não me motivam.
E você, gosta de reuniões??
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Afinal, o que queremos?
A pergunta é vaga, mas está cheia de significado. O que nós
queremos? Mesmo? De verdade?
A resposta talvez, seja mais vaga ainda, e ainda assim tão cheia de significado.
A resposta talvez, seja mais vaga ainda, e ainda assim tão cheia de significado.
Queremos muitas coisas, como conforto, paz, alegria, um bom
relacionamento, um emprego que nos dê prazer e dinheiro, algo que nos alimente
a alma, como música, filmes, esportes, queremos as pessoas queridas por perto e
uma série de outras coisas.
Mas acho que devemos avaliar a todo instante essa pergunta,
usando-a mais como um termômetro vital e não como algo concreto.
Quer ver só? Se pergunte aí..estou no emprego que quero?
Não, não é no que posso, ou no que devo, ou no que preciso. A pergunta é clara:
Estou no emprego que QUERO? Estou fazendo o que desejo, da maneira como eu
desejo e como eu desejo?
Tenho certeza que a resposta da maioria das pessoas, para
alguma coisa na vida delas é não.
E sem crise, numa boa. As vezes você está esperando aquela oportunidade que você acha que vai ter, ou aquilo tudo que vai se concretizar depois que você terminar a pós, a faculdade, ou o doutorado. Ou quando você estiver mais velho, ou depois que se casar.. não importa.
E sem crise, numa boa. As vezes você está esperando aquela oportunidade que você acha que vai ter, ou aquilo tudo que vai se concretizar depois que você terminar a pós, a faculdade, ou o doutorado. Ou quando você estiver mais velho, ou depois que se casar.. não importa.
Mas pergunte-se se, agora, agorinha mesmo você está fazendo
o que realmente quer.
Estou em um relacionamento saudável, fazendo o que eu quero
fazer? E deixando o outro ser livre pra fazer o que quer? Estou me divertindo
como eu gostaria, ou continuo seguindo a massa, passando na vida, sem saber o
que querer? Quantas oportunidades eu estou deixando passar, porque continuo
vivendo do mesmo jeito e aceitando as mesmas coisas, porque acho que não tem
saída, não tem solução?
A resposta é a reflexão.. e a reflexão por si só, leva ao
caminho..
Agora o que não dá é a contínua reclamação, sem ação.
O reclamar por reclamar enjoa, fica chato e não leva ninguém
a nada. Chega de gente que só faz o que não quer. Na boa, não dá. Você cede
aqui, ali, acolá...mas em tudo, minha buona gente..não dá!
Porque quando a gente faz o que quer, o olho brilha, a
vontade aumenta, a determinação esquenta, a vontade floresce. Me pergunto sobre
isso do querer, todos os dias. Em convites que aceito, ou que recuso. Em coisas
que vou e que não vou. Em situações que me exigem cada vez mais que eu seja
sincera para comigo e para com os outros.
Sofri muito achando que estava tentando agradar, enquanto na
verdade era só meu ego me distraindo do meu verdadeiro objetivo. Eu não fazia o
que queria e ainda me vangloriava por isso. E bem, dei com algumas dúzias de “burros
n’água”.
O que queremos está mais próximo do nosso alcance do que
imaginamos e talvez é mais simples do que acreditamos.
Se não sabemos o que queremos, talvez começar pelo que não queremos seja um inicio pra repensar nossas escolhas. Ou talvez, abrir mão de alguns convites, aceitar outros, fazer aquela escolha que você sempre acha que é certa, mais que nunca faz.
O que queremos mesmo, todos nós, eu não sei ao certo. Sei que queremos algo que vibra dentro da gente, enquanto a vida passa, enquanto as pessoas mudam, enquanto fazemos o que não queremos.
Afinal, o que é mesmo que você quer?
Se não sabemos o que queremos, talvez começar pelo que não queremos seja um inicio pra repensar nossas escolhas. Ou talvez, abrir mão de alguns convites, aceitar outros, fazer aquela escolha que você sempre acha que é certa, mais que nunca faz.
O que queremos mesmo, todos nós, eu não sei ao certo. Sei que queremos algo que vibra dentro da gente, enquanto a vida passa, enquanto as pessoas mudam, enquanto fazemos o que não queremos.
Afinal, o que é mesmo que você quer?
terça-feira, 12 de junho de 2012
Namorar pra que?
a gente namora, pra que?
namora pra se achar no outro, pra inventar mentiras
sobre o que a gente gostaria de ser
pra namorar a gente mesmo
pra sonhar o que é que vai ser
a gente namora mesmo..
pra dar certo..
e namorando a gente briga
a gente cansa, a gente casa..
namorando a gente se atrasa
pra aula, pro trabalho e pro inglês
a gente até vira freguês de padaria
pra comprar pão e ficar na fila
pro namorado e pra namorada comerem bem
namorar..e deixar-se ser sem sentir
sem cobrar..
namorar pra amar..que é importante
e porque talvez em outro instante
a gente se descuide de sentir saudade
e se case
casando a gente
namora maneiro..
preguiçoso, trapaceiro
vamos viver..
e vivendo vamos brigar
e vai ter poesia
e também noite sem luar..
porque o namoro é só a janela
do que te espera
lá longe,
depois do altar, da rosa
do calor da brasa
se namorar é prata,
casar é ouro..
só não vale falar do meu
imenso tesouro..
esse tanto que a gente
chama de Amor..
texto pro meu companheiro e amigo e namorado e marido ..Danyllo
Ouvindo_George Michael_Faith
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