quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

no final eu digo..não



Incrível como nascemos programados para buscar a aceitação alheia. Quando crianças, ao primeiro som de um "não pode", choramos aflitos.É a primeira negação das nossas vontades, e por conseguinte do que somos e do que acreditamos. Ou assim nos parece, dentro de longos e sofríveis anos da nossa vida.

Para alguns, e eu me incluo nisso, o aprendizado do não é uma tarefa difícil. Até porque, não queremos "ser maus" rejeitando os outros. Aceitamos tudo, porque no fundo, não queremos que isso aconteça com a gente. Vamos a compromissos detestáveis, festas evitáveis, lugares indesejáveis só pra não dizer: hoje eu não vou. Queremos ser aceitos, minha gente!

Porque se você disser não pode ser que pegue mal, alguém vai ficar chateado, vão te levar a mal, quem sabe você não seja mais convidado, e aí, você vai, mesmo sem querer para o compromisso, porque  quando for sua vez de convidar, certamente vão aceitar.

Só que não.
Nem sempre as pessoas dizem SIM pra gente.
Aos poucos vamos percebendo que tem gente que fala um não numa facilidade, que chega até a arrepiar o ouvinte. E te colocam naquela situação mentalmente constrangedora do: "Mas como? Eu já fui em tanta coisa chata que você me convidou!!, que absurdo".
Pois é, mas não existe regra pra essas coisas, e muito menos pra vontade alheia.


E aí, você que adora aceitar uma coisa qualquer só pra não contrariar, fica com a maior cara de tacho, quando alguém te diz NÃO.
Eu pelo menos, não considerava nada palatável. Mas, aprendi que essas pessoas, verdadeiras desbravadoras das conveniências sociais, muitas vezes são mal interpretadas.
Sabe porque?

E se de repente a pessoa vai, e estraga tudo? E se arranja uma briga? E se magoa alguém? Não é pior?
Então, vendo tudo isso acontecer, comecei a ensaiar meus pequenos não's diários. E aceitar com mais felicidade o não dos outros.

Confesso, que o primeiro não dito com propriedade, é bem estranho. A pessoa te convida com aquele sorriso grande, cheio de expectativas e você diz: "Não, meu caro, eu não vou!".
Juro que fiquei esperando uma pedrada na cabeça, ou uma palavra mais ríspida. Mas o fato é que o outro foi tão pego de surpresa que não conseguiu reagir. E voilá! Olha quem ficou livre de um compromisso chato!

Poisé..
Mas, pior que o Não, assim deslavado. É a tal do NÃO disfarçado de desculpa.
Aquele "Ihh, não vai dar..tenho que levar o cachorro da minha mãe no médico.." ou então "Ah, acho que tem um aniversário.." ou "Nossa, preciso ver, cara.."
Eu sei porque, já dei essas desculpas..várias vezes.

E não é porque eu não gostava da pessoa..é simplesmente porque eu não queria ir lá.
Não achei interessante, poxa! Pra que que eu vou?
Mas ficava me sentindo culpada por ter que disfarçar com uma desculpa que poderia ser facilmente desmentida a qualquer momento. E, é bem certo que a outra pessoa ficou achando que o problema era com ela.

Mas a vida tem dessas coisas. E algumas delas são corriqueiras a todos. Quer ver?
Por exemplo, aquele compromisso anual (seja ele qual for), com aquele pessoal da família/trabalho/grupo de estudo  com quem você não é muito chegado. Sabe como é?
A situação se desenrola mais ou menos assim:

Primeiro, você não quer ir. As pessoas insistem e então, você tenta desviar.
É pego então na tentativa de te entenderem, com a velha pergunta: Mas porque você não quer ir?
Você responde, e inventa alguma coisa. Daí, arranjam uma solução pro seu problema que nem existe.
A armadilha foi armada, você caiu..e é aí, que você diz SIM, querendo dizer NÃO e faz a maior besteira da sua vida. Porque com certeza só será ruim pra você, indo ao mau fadado compromisso.

Então, quero propor um ato de coragem a todos meus amigos e leitores que frequentam esse blog.
Vamos começar a ser mais diretos. Acabar com uma convenção social que mata diariamente as relações, por acabar com a beleza da sinceridade.
Se quem convidou foi um amigo, com certeza vai te entender.
E se for alguém que ficou chateado, é porque com certeza não merece estar em seus círculos sociais.

Só pra contrariar um pouco este texto, eu mesma, ando precisando é dizer mais SIM.
Tô meio enjoadinha de dizer não, pra tudo que me convidam.
Quem sabe..

....cenas dos próximos capítulos..


Ouvindo_Mulheres de Atenas_Chico Buarque



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O poder do outro



De fato, não sei nada sobre relacionamentos. Sei pouquíssimo sobre as pessoas e menos ainda sobre a vida. Então decidi escrever um texto pra falar do pouco que eu sei, e que tenho observado em mim, e claro, nos outros.
Venho querendo falar sobre isso a dias, e não encontrava maneira de desenhar em palavras o que descrevesse o que eu percebi. Talvez, vá parecer muito óbvio pra você que me lê, ou talvez o leitor não faça a mínima ideia do que estou falando, mas isso é menor dos problemas.

Relacionamentos baseiam-se em afeto mutuo, respeito, carinho e uma pitada de sexo, certo?
Bem, pode parecer simplista mais a grande parte das coisas que se busca em uma relação estão aí. Mas são muitos os tons de cinza, dentro desse preto e branco.
E não, eu não estou falando do tal livro famoso.

Se isso é o que buscamos numa relação, porque depositamos tanto no outro, a responsabilidade de sermos felizes? Porque, esperamos que essa pessoa que está do nosso lado, que é cheia de medos e inseguranças e sonhos e tudo o mais que importa assim como nós, seja tão culpada diante de nossa incapacidade de nos doarmos sem pedirmos nada em troca.

Talvez seja uma questão de auto conhecimento, auto responsabilidade, respeito próprio, e por favor consciência do que se está fazendo para o outro e com o outro, que nos metemos nessas grandes enrascadas de amor, porque ah..o outro..tão malvado, tirou de mim o que eu sei lá que eu queria dele.

Venho observando isso a algum tempo, e me toca saber que existem pessoas que não sabem sequer porque se encontram em um relacionamento. É tão confuso para elas o que elas estão procurando ali, que em seus discursos quase sempre escuto que o problema é sempre com o outro.
O outro que não me ama como eu acho que deveria ser amada. O outro que não me entende e que não vê os sacrifícios que eu fiz pela relação, o outro que não deixa de fazer o que quer enquanto eu abro mão de tudo.

E aí, nessas conversas, eu sempre me vejo em algum relacionamento do passado, depositando as mesmas dúvidas e inseguranças nas outras pessoas. Quantas vezes eu me senti humilhada, ou me senti vítima de uma relação que eu mesma tinha cavado. Quantos homens eu julguei como maus, cafajestes, ou coisa que não valha enquanto era eu que permitia que eles fizessem o que achavam que era certo, comigo.
Onde foi que eu assinei o contrato que dava plenos poderes àquelas pessoas para fazerem tudo aquilo comigo?

Eu não assinei nada. Só me abstive de ter opinião, de saber quem eu era, da certeza do que eu queria. Na verdade eu acreditei de maneira inocente que a opinião do outro, era a mesma que a minha. E aí, meus caros amigos, é que está o problema.
O outro é diferente, poxa. Ele é outro.
Vive pensando outras coisas, tem visões diferentes, sonha coisas que você nem imagina e tem uma opinião sobre você, que de verdade, você mesmo não conhece.

Então porque, eu pergunto, porque achar que essa pessoa vai te dar aquilo que você, e só você acha que é certo?

Ilusão, decepção, enganos.
Quantas das decepções amorosas se dão porque se vive um relacionamento egocêntrico, baseado no que eu acho que é certo, sem pensar que o outro do lado de lá tem outras ideias na cabeça e de repente pode não concordar comigo.

Nós, minha gente, temos que ser felizes porque somos assim, naturalmente.
Porque o outro é parte importante que complementa, que partilha, que dá e recebe sem cobrar a conta no final.

Que nós, em 2013, sejamos mais fiéis conosco, que conheçamos melhor a nós mesmos, que saibamos separar o que é nosso e o que é do outro, para que possamos amar com mais plenitude e mais compaixão.

Que sejamos do time daqueles que fazem os outros felizes, e não o contrário.
Que façamos para os outros somente aquilo que desejamos que seja feito para nós. Afinal, tem lições que de tão simples, se tornam imortais.

Feliz dezembro!


Ouvindo_The Strokes_Alone, Together