segunda-feira, 1 de julho de 2013

O silêncio dos complacentes

Eis que volto aqui, para expressar minha opinião sobre o que se vê no Brasil agora.
Gostaria de poder dizer que estamos todos certos, unidos e juntos por um mesmo objetivo, mas a multiplicidade de causas estranhamente tece vozes ensurdecedoras e perturbadoras.


Mas vá lá. Antes precisamos dizer que de fato, por algum motivo, estamos nas ruas. As mesmas ruas que guiaram reformas, mudanças, queda de sistemas. Estamos lá, e saímos das redes sociais com um objetivo, sermos ouvidos.

Mas ouvidos por quem?
Por quem nos quiser ouvir, oras!

Não há mais tantas respostas prontas, que nos possam passar a ponto de bala. Não há mais organizações estudantis, somente, e seus líderes cabeludos com camisas de Guevara. Não, companheiro!
Somos anônimos!
Somos  dispersos, somos perdidos, somos desinformados!

Sim, porque a anos, as pautas se acumulam atrás de promessas não cumpridas e decepções e mais decepções com nosso sistema político.
Não sabemos o que queremos, porque de fato, não nos foi ensinado a pensar.
Mas, mesmo diante da lenga lenga que vemos através de recortes de jornais e uma mídia quase tão partidária quanto polida, sobrou uma fresta e enxergamos o que batia na cara da gente todo esse tempo.

Mas o que é que enxergamos, camarada?
Nós mesmos!
Vimos o que somos e em que tipo de brasileiros estamos nos tornando. Vimos as ruas cheias de gente, com cartazes de todo efeito, porque já não acreditamos que podemos ter vozes junto ao nossos representantes políticos. Aliás, a minha geração, já nasceu sem acreditar nisso!

Lembro muito bem, quando em meados do meu quinto ano do ensino médio, uma professora de História conseguiu me tirar da zona de conforto e me mostrar o que mais havia no mundo. Perplexa, engatei em leituras que até hoje não sei se consegui processar, mas que de fato, me fizeram questionar as pessoas, as coisas, as obviedades nada obvias de uma sociedade hipócrita e cheia de melindres sociais.

Naquele tempo, eu então com quinze anos, fui tolida por familiares dizendo que o sistema era esse mesmo e que não podia mudar, porque um tal de povo era "burro" e não iria fazer diferente!

Daí então, eu na santa ignorância dos meus agora 27, me vejo aqui envolta em discussões políticas, em manifestações, em protestos, em vandalizações, em tudo isso que se vê.
Mas então, nós, os descentralizados, burros, ignorantes, sem foco, nos tornamos "um gigante que acordou", um povo que vai as ruas para escrever a sua história. Parece até um conto de fadas!

E acredito que isso seja positivo, em partes!
Pois  acredito mais na informação!
Assumo que quando me deparei com algumas questões importantes sobre o sistema político brasileiro e sobre como ele funciona, me senti uma completa ignorante. Pois não sabia de nada, não entendia nada.
As informações vão chegando e eu procuro ler e buscar mais para entender melhor do que se trata cada pauta. Porque elas são várias, e tem MUITA IMPORTÂNCIA!

As PEC's, o fato de um sujeito extremista religioso estar presidindo a Comissão de Direitos Humanos, apoiando uma tal de cura gay (um completo absurdo), corrupção como crime hediondo, os problemas da saúde, da educação, a copa, o dinheiro público, isso e mais aquilo..

Google pra que te quero!

Mas o que me desperta extrema curiosidade mesmo é esse silêncio.
Um silêncio escondido em postagens comedidas, que parecem ignorar que algo está acontecendo.
O silêncio dos complacentes me intriga, me instiga!

Será porque eles estão céticos?
Será porque eles tem medo de perder o que não tem?
Será que é porque se acham tão certos e tem medo de que na primeira troca de idéias, suas convicções vão parar todas no ralo?

Porque calam?
Se estamos todos aí a gritar desvairados, a pedir por melhorias, a enfrentar o que já basta, porque é que se calam todos estes?

Asseguro que temo mais os que ficam sentados em seus sofás, dos que os "reaça" que estão nas ruas gritando barbáries.
Não defendo o extremismo, nem os atos de vandalismo, mas o maior vandalismo que podemos fazer neste momento é virar as costas para o agora, para este momento, para esta oportunidade. Cabe a nós todos avaliarmos também em nós mesmos as pautas que abraçamos e de quem realmente estamos nos defendendo.



Ouvindo_Angus and Julia Stone_Stranger