sexta-feira, 25 de maio de 2012
Nada demais
Não me acho calma,
me acho despreparada, medrosa
por isso me calo,
às vezes me entristeço
não me acho santa,
me acho preconceituosa
mesquinha, febril..
não me acho bela,
me acho boba, infantil
as vezes séria
sagaz,
interrompida
me acho,
enquanto avalio o que de mim não conheço
me acho menos, quando o que mais tenho é
sincero e verdadeiro
me acho sempre,
algo além, nada demais.
Ouvindo_Nada Além_Zeca Baleiro
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Parar
Texto SENSACIONAL do meu querido amigo, meu bro..Ivens Sollohandd
ENJOY!
ENJOY!
Tentei parar por um dia.
Um dia é muito tempo. Há tantas coisas acontecendo. Como irei
parar? O mundo irá continuar enquanto eu paro. Depois como irei entrar
novamente no ritmo? Em um dia muita coisa pode acontecer. Não posso me dar ao
luxo de simplesmente parar. Quem sou eu para isso? Se parar por um dia, com
certeza ninguém.
Tentei parar por uma hora.
Uma hora é muito tempo. Há tantas coisas acontecendo. Com
irei parar? O mundo será um outro daqui uma hora. O esforço para me concentrar
novamente depois é muito grande. Em uma hora muita coisa pode acontecer. Um
incêndio. Uma guerra. Uma crise econômica. Milhões de pessoas irão fazer sexo
nesta uma hora, e o que ganharão? Nada! Milhões em dinheiro serão gastos e
ganhos neste tempo e eu não irei ganhar nenhum centavo se parar! Então, não irei parar!
Tentei parar por um minuto.
Um minuto é pouco tempo. Quase nada acontece em um minuto. O
que posso mudar em um minuto. NADA! Então para que irei parar? Para perder um
minuto? Estou com tantos minutos sobrando assim para simplesmente me livrar de
um sem causa aparente? Se fosse assim pararia por uma hora. Não, não! Pararia
por um mês! Bem que estou precisando parar por um mês. Simplesmente não dá!
Em apenas um segundo parei... para sempre. Foi tempo mais do que
suficiente para isso.
terça-feira, 8 de maio de 2012
A cena
Ela levantou-se para ir ao banheiro. Olhando aquele cara, que ela sempre olhava todas as vezes que se levantava de sua mesa. Aquele cara que tinha nome e que tinha uma coisa, um sei lá o que diferente que mexia com ela, que a intrigava. Tinha algo interessante que pairava no ar, enquanto ele estava perto, e ela mal conseguia disfarçar seu constrangimento.
E assim que ela se levantou, não quis ver que os olhos dele, corriam de encontro ao dela.Talvez porque ele também havia percebido, talvez porque aquele dia ele estava distraído.
Mas ao caminhar, no primeiro centimetro do seu passo, ela sentiu aquela urgência, um frio na espinha, um quê que só dá em quem endoidece, em cena de filme clichê. Sentiu aquela necessidade de fazer algo, de não sei, de falar com ele, chamar pra um café..uma vontade de tocar-lhe o braço e dizer como ele estava bonito. E sem perceber, seus pés mudaram o caminho, e viravam-se para ele, o tal cara interessante.
E caminhando até lá, não pensava senão no minuto, na vida, e nas coisas que tinha deixado pra trás, e dos momentos que havia perdido, por ter pensado demais, e caminhando assim, chegou até o cara, que a essa altura a olhava espantado, um tanto curioso.
Aquilo, não era um ato de sedução, não era um coisa desesperada, muito menos de gente drogada, aquilo foi o momento que se mostrou e que pra ela deixou claro como a vida é boba e como a gente se leva a sério. Sem falar nada, abaixou-se com delicadeza, e beijou-lhe a face, mesmo sem saber porque exatamente estava fazendo aquilo.
Beijou-o demoradamente, e enquanto beijava, sua mão sozinha escorregava pelo rosto dele, que ainda olhava pra ela sem entender nada.
Sentiu nas pontas dos dedos a pele, e o cheiro dele subiu até a ponta do seu nariz.Foi sentindo as nuances de seu rosto pequeno, a fineza da sua sombrancelha e quando menos percebeu sua boca havia encostado na dele suavemente, sem mistérios, sem tramas imaginativas, sem música e sem clarão.
E aí, o olho do cara deixou de olhar espantado, entendeu o singelo recado e agora, participava daquela cena estranha e cheia de vida.
Era um beijo pra salvar o momento, pra salvar a solidão, pra salvar o desamor, pra salvar as pessoas da masmorra da rotina..
E se era só um beijo cheio de carinho, expectativa, ou até mesmo de tesão por conta da iniciativa, o que ficou ao final foi somente a cena daquele beijo realizado, sacramentado, entendido.
Foi o que ela pensou enquanto ia ao banheiro, imaginando-se louca por pensar numa coisa dessas, num dia tão frio e tão sem graça..diante de tanta tralha, de tanta coisa pegando traça, ao sair da sua cadeira de balanço enquanto velha e sozinha, espreitava o anoitecer.
Ouvindo_Zeca Baleiro_Felicidade pode ser qualquer coisa
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Não basta
As vezes nada me basta
e a saudade me arranha as entranhas
quando olho saudosista o passado
e ele me engole
e eu me vejo lá..
sendo feliz onde depois eu já não era..
e aí, sinto saudades de mim..
e sinto saudades da minha risada
e do tempo alegre
onde as coisas urgiam
e quando os coração brincavam
sinto saudades do cheiro da rua
ou do travesseiro companheiro da solidão
sinto saudades da liquidez das amizades
e das vezes que eu mais fazia sorrir
do que chorar
de quando ríamos juntos..
e de quando calava minha alma
como se o mundo fosse me fazer parar..
hoje estou saudosa..
da simplicidade da vida..
da poeira dos meus rabiscos
e da falta que eu faço pra mim mesma..
as vezes..
o nada..
não basta
Ouvindo_Eu te amo_Chico Buarque
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