sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Nem todo poema precisa doer



Nem toda poema precisa de dor, há alguma dose de alegria que é poetizável, palatável até ao mais triste dos mortais. Há algo de alegre que soma, que toca, que encanta. Não uma alegria extrema, uma gargalhada, uma coisa fútil.

Nem tudo precisa ser sobre sentir-se assim, de um jeito assado, cozido e passado.
Pode ser um poema sem sentido, algo que aconteça independentemente, uma música que viaja pelo tempo, uma comida que atravessa a garganta.

Um poema bom, uma coisa pra um riso fácil, algo que te traga um alívio diário.

Um filho que nasce, uma mão que perdoa, alguém que volta.
Poemas sutis que a vida escreve e não tem ninguém lá pra registrar.
Mas nada doloroso, nada que cale, nada que chore, nada que reclame.

Um poema assim, sem preocupações em demasia, apenas para existir, como a gente faz todo dia!


Ouvindo_The Kooks_Naive

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Toda sexta feira tem!

Agora, aqui no blog, sexta feira é dia de texto novo.
Periodicidade, a gente vê por aqui!! 


Toda sexta feira tem, acordar animada, gente agitada
preparação pra balada

Toda sexta feira, olhando pro relógio,
batendo ponto, esperando o fim do dia chegar

Toda sexta feira tem bar, a espera feliz de uma cerveja
que as vezes não demora a chegar
um bate papo amigo, um dia tranquilo
alguém pra conversar

Toda sexta feira alegria,
uma musiquinha
alguém lembrando Vínicius tocar

Toda sexta feira tem,
poesia, inspiração, boemia
canção

Toda sexta feira violão,
bar, conversar
sair
se entregar

Toda sexta a noite, é a espera de uma coisa boa
algo pra se lembrar
uma noite pra ficar
algo bom sobre o que falar

Toda sexta tem..
pra mim e pra você também!



Ouvindo_Kids_MGMT

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O Som da Caneta



Tá ouvindo esse barulho?
É o som da caneta escrevendo no livro da minha história..
O que será que ela vai dizer, o que será que ela vai excluir, o que deixará de ser escrito? O que estará em negrito?

Esse som, esse mesmo som, perturba meu sono. A caneta que não para escreve sem parar, e na maior parte do tempo eu não gosto muito de como ela vai. 
Ela escreve, meu agora, no tempo marcado, algo que não pode ser apagado. Escreve quem eu sou, e não as versões de mim mesma que eu tento pintar em minha cabeça. Tudo termina e recomeça a cada palavra, e pode ou não ser do jeito que eu imaginava.
Mas ela não se cansa, a caneta da vida, vai contando a sua história sem traços, sem pontos, sem vírgulas. Vai deixando escrito o que é pra ser memorável, o que não fizer sentido, o que não deve ser lembrado. Os momentos felizes, os embaraçosos, os tristes, os normais. Um tique taque pulsante, de um relógio que não para..de um escritor que não se cansa.

E ela segue, e eu sigo, quase sempre nas entrelinhas, espremida, buscando uma válvula de escape, uma mudança no curso, um novo paragrafo. A cada linha, eu vou, me espreitando por entre os acontecimentos e buscando encontrar aquilo que perdi n'algum lugar.
Mas a caneta não se importa, ela ignora as minhas tentativas e só apresenta o que é fato, o que está escrito, o que está fadado, pontuado na linha do tempo  intangível.

Imutável.

O som da caneta no papel me alcança no silêncio do meu café sobre a mesa, enquanto penso em mudar minha vida. A tinta é tão negra como o meu café, e eu continuo hesitando. Febril, me agarro a caneta, faço dela meu cavalo, pra me deixar conduzir e pra conduzir também..e não adianta..
ela continua escrevendo..

Já não sei mais quem sou eu. Se sou eu mesma ou se sou a própria caneta.
Agora o som está dentro de mim, pulsando, escrevendo, pichando meu muros internos ..corrompendo a minha alma. O som..esse som.
Ele não me deixa.
Ou sou eu que não o deixo ir?
Já não sei mais..
apenas sei que a caneta ..ainda agora, continua escrevendo.  



Ouvindo_You Only Live Once_The Strokes