terça-feira, 30 de março de 2010

Caridade


Somos realmente capazes de amar?
Amar em sua plenitude, amar ao próximo como a si mesmo?
Seríamos capazes de dar a nossa vida, tão amada e necessária por outra pessoa que não fosse um parente, um amor?

O que é ser bom? O que é ser amável? O que é caridade?
Me pego olhando o mundo do avesso às vezes e vendo que pelo menos ao que me consta, alguns de nossos valores mudaram.
Ser bom que antes era fazer o bem, agora é simplesmente não ser mau.
“O político é bom porque não participa dos escândalos, mas não porque toma atitudes que sejam boas para a sociedade. “

Ser amável que antes era ser uma pessoa doce, simpática e atenciosa com qualquer um, passou a ser um critério aplicado a alguns poucos e a algumas rodas de amigos.
Ninguém que ser amável com um mendigo ou com um adolescente intransigente, ninguém é amável no trânsito, ou na fila do banco.
A caridade então, essa coitada anda tão distorcida que está quase irreconhecível.
Famosos fazem “carimarketing”, ou seja uma forma de se promover doando alguma coisa para uma instituição carente. Isso sem contar as pessoas que acabam doando mais por medo do que por compaixão.

A falta de paciência predomina, e diante de uma análise mais completa do todo a falta de compreensão com o outro, seja ele amigo, parente ou transeunte qualquer, é caótica.
Estamos vivendo a fase do: bate primeiro pra depois perguntar. E até poderíamos afirmar que estamos assim porque o mundo anda muito violento, mas será que também nós não estamos violentos para com o mundo? Será que nós estamos mesmo preparados para ser amáveis, caridosos e bons?
Ou somos apenas seres humanos sendo o mínimo que podemos ser?
Fingimos preocupação com a desgraça alheia, fingimos nos importar com os tremores no Chile e no Haiti, fingimos compaixão.
E não se trata aqui de julgar, apenas de abrir uma reflexão para o que realmente acreditamos.
Será mesmo que existe um juízo final? Uma reencarnação? Ou algo que nos coloque frente a frente com nossos pecados, nossos egoísmos e paranóias?
E será mesmo que você não se importa tanto assim com isso? Será mesmo que você acredita?

É preciso repensar o outro. Colocar-nos em seus lugares, vestirmos a roupa e vivermos a vida desse outro pra entender porque existe tanta luta e tanta desigualdade. Afinal a compreensão é o primeiro passo para se tornar bom, amável e aí sim, caridoso.


Ouvindo_Do you wanna_The Kooks

sexta-feira, 5 de março de 2010

vai pra onde?







Somos seres teimosos por natureza.
Disseram pra gente que o mundo era quadrado, e não satisfeito com isso, o sujeito foi lá e provou que não era.
Não nos deram asas, mas fomos a luta e demos um jeito de aprender a voar. Aprendemos a medir o tempo, a hora..
Criamos
coisas inimagináveis e brilhantes justamente porque nos foi dito que tal feito era impossível.
Talvez a teimosia seja uma de nossas características mais especiais, um dos inúmeros fatores que nos diferem dos demais seres vivos.
A chama viva da teimosia nos motiva a tentar o novo, a criar e a fazer diferente.

Mas com o passar dos anos, a teimosia que outrora nos dava um aspecto motivador e até mesmo brilhante, hoje nos tira da compostura e nos coloca em situações cada vez mais constrangedoras.

Se nos primordios o fato de insistirmos no erro para provar que estavámos certos poderia ser interessante, hoje nossa teimosia serve apenas para defender valores cheios de egocentrismo e verdades absurdas.
Somos os teimosos 2.0, insistindo em pregar idéias e conceitos para outros que nem mesmo sabemos se estão nos ouvindo.

Teimamos em nossas relações, repetindo os mesmos erros..
teimamos com o mundo, querendo que ele se dobre as nossas vontades..teimamos com nos mesmos, todos os dias fazendo coisas das quais nos arrependeremos inevitavelmente.
A sensação que fica na gente é que estamos todos prontos para defender as teorias, nossas teorias..
Nossas verdades, nossos conceitos de certo e de errado.

E enquanto isso, o mundo é caos..

Atualmente, prefiro ser feliz do que ter razão. Em qualquer que seja a circunstância, prefiro a paz a entrar em guerras por coisas que de fato não mudarão nossas vidas. É importante frisar que a divergência de opiniões e culturas é de fato importante para o desenvolvimento de novas idéias e conceitos, mas antes de mais nada, é importante ter cidadãos com mais consciência e mais flexibilidade.
Pessoas intencionadas a ter discussões que levem de fato a um bem maior, e não é utopia..as empresas, organizações, escolas e governos precisam disso.

Estamos cansados de reuniões que não levam senão a perda massiva de tempo, palestras que não nos fazem pensar de fato, debates que defendem interesses privados, enfim toda essa cretinice cotidiana que não modifica nada em nossas vidas.
Precisamos ser teimosos, persistentes em coisas que valham o esforço. E não em mediocridades pequenas sobre o que vamos fazer no próximo fim de semana.

Porque teimar é uma coisa, continuar errando é outra.



Ouvindo_Marisa Monte_O que me importa


quarta-feira, 3 de março de 2010

o que vai no teu coração..


O que vai no seu coração, quando as coisas insistem em ser não.
Enquanto não cessa a solidão,
enquanto tudo aquilo que foi dito em vão..

O que vai nessa cabeça?
Uma poesia, uma história piegas,
um sonho escondido..
uma canção?
Ou você anda pensando muito em solidão?
Quer ficar sozinho e bebericar um vinho..
comer com a mão?

Aliás, o que carregam estas suas mãos?
Onde estão os abraços, os aplausos
e a cara de satisfação que antes lhe alimentavam a vida?
onde estão as flores que carregava junto ao peito, e os poemas todos eles..
escritos por dedos aflitos e mãos alheias..

Onde estão as suas coisas,
seu tormento e tua alegria?
Quando foi mesmo que visitaste sua tia?
Ou foi aquele velho amigo que lhe esqueceu?
onde estão todos?

Seja o que for que estiver acontecendo, pare tudo..
continue vivendo, despertando entre nuvens, e dormindo sob o céu..
perdendo o tino, sangrando, resistindo..
cantando e sorrindo..
procurando um caminho ou um destino

onde será que você se perdeu?
enquanto não se encontra..
se importa de me passar o mel?




Ouvindo_Viva la Vida_Cold Play