quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As cerejas



Eu estava aqui fazendo minha lista de metas que nunca saem do papel para 2012 e fiquei me perguntando: Será mesmo que eu preciso de tantas metas? Será que essas tarefas vão mesmo se concretizar?
Ou será que minha preguiça, meus julgamentos, meus dias de foda-se irão se render quando eu precisar me esforçar?

Resiliência, persistência, força de vontade são palavras bonitas do nosso vocabulário, mas será que estão mesmo presentes no meu dia-a-dia?

Ou será que eu só estou querendo me encher de cobranças tolas que só vão aumentar ainda mais minha culpa e auto flagelação no final do ano seguinte?
Será que eu quero mesmo todas essas regras cumpridas?
Será que estou disposta a pagar o preço?

Na minha lista para 2012 a primeira meta era perder tantos kilos.
Bom, é verdade, eu não estou no meu peso ideal, como metade do mundo não está. Até aí, ok!
Mas acontece que eu sou meio esquiva a metas inalcansáveis e bem..coloquei um número lá que vai ser trabalhoso de atingir..
Impossível? Não..
Possível? Com sacrificios monstros, sim..

Mas aí vem o tal do "que" da questão..
Porque ficar magra é importante?
Porque eu quero me sentir bem diante do espelho? Sim
Porque eu tô pirando em ver todo mundo que conheço emagrecendo e eu nadando contra a maré? Sim
Porque eu quero me sentir aceita? Sim
Porque? Porque? Porque?

E aí comecei a pensar que tem algumas metas que a gente quer ter, pra aparecer para os outros e esquece das coisas importantes para nós.
Sabe, eu realmente quero me manter no tamanho 38 e seria bem bom usar um 36, mas definir isso como a primeira meta para um ano novo, me parece bem banal em relação a tantas outras coisas que quero realizar.

E a lista continua e as análises delas me pirando..
Vou e volto em 10 itens que ficam horas em 3, horas em 15.

E não é fácil saber o que é que tô definindo pelas minhas vontades ou por uma questão de mostrar para os outros como sou bacana.É dificil admitir isso, mas é a verdade.

O que me remete a questão inicial: de onde, diabos, sairam tantas metas?
Tantas listas, tantos "eu quero"? Sendo que passei o ano inteiro fazendo o caminho contrário do que estabeleço como meta agora.

E isso vale para tudo: meu dinheiro, minha relação com os livros que quero ler, as coisas que acho que preciso ter, os sentimentos de que acho que preciso me livrar. E nada disso acontece só porque eu enumerei algumas coisas no papel (ou no computador).

As coisas acontecem porque a gente trabalha por elas e me aconteceu um fato que me fez pensar no assunto.

Fiquei extremamente frustada por que meus pais não vieram passar o natal comigo. Fiquei lamentando por horas aquilo e depois da ceia, só queria me trancar em casa.

Horas mais tarde, recebemos um convite para passar na casa de um amigo e eu rejeitei-o de ínicio.
Sentindo pena de mim mesma, fiquei ensimesmada no meu pequeno problema de carência familiar.
Daí uma luz me iluminou as idéias e depois da insistência dramática do amigo e do marido entendiado daquela falação, aceitei ir.

Chegando lá, me deram uma cereja que ainda estava com seu cabinho.
Me disseram que eu devia comer a cereja e ficar com o cabinho na boca, pois eles faziam um ritual anual de natal que era o seguinte: eu deveria dar um nózinho no cabinho, utilizando somente a lingua e depois eles me explicariam o motivo.

Estavamos lá, quatro adultos com cabinhos de cereja na boca, tentando dar um nó com a língua. 
Todos conseguiram, e eu fiquei lá, com o cabinho na boca, insistindo.
Eles riram, zombaram da minha vontade de fazer aquilo acontecer mas eu continuei lá, com meu cabinho na boca, torcendo minha língua de cá pra lá para dar o tal do nó.

Uma hora depois, quando todos já haviam esquecido que eu estava com aquilo na boca, eu consegui.
Insisti um tempão, pois não julgava ser pior ou melhor que ninguém, não tinha meta nenhuma, só sabia que podia conseguir.

E fui lá e fiz.

Pois é isso que eu quero pro meu ano novo, que todos meus problemas e anseios sejam como aquele cabinho de cereja.
Que eu revire-os, torça-os, esprema-os, mas que no final eu os vença.

Metas são palavras ao vento..
É preciso mudar minha maneira como vejo mundo e participo dele para depois conseguir atingir o que eu gostaria.


E pra você que quer saber o que significa dar o nó no cabinho, diziam que na China antiga quem conseguia a proeza de dar o nó no cabinho da cereja é um bom beijador.

Fica a dica!!

Feliz 2012 e muitas cerejas para você..


Ouvindo_Gravity_John Mayer

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Fim de Ano



Há tanto por ser dito, há tanto por se descobrir
que penso que não há tempo senão para respirar a vida
pelo nariz, afim de sufocar-se com suas particulas pequenas de serenidade

Lá fora o mundo urge, e aqui dentro toca uma música
na cabeça que faz contas, falta grana
no coração, faltam pedaços
na memória, pipocam lembranças e vamos...

As revistas contam as histórias que gostaríamos de esquecer
a internet nos mostra o que ainda estamos por ver
e sentimos angústia no que está para acontecer

o ano novo bate a porta
os sinos que não tocam mais nos lembram dos tempos
em que esperávamos atentos o Natal
que faltava sempre tanto pra chegar

as expectativas ficam menores
menos otimistas
mas as saudades se agigantam
diante de tanta coisa que se atropela durante o ano

aos poucos vamos esperando
e na espera vira o fim do ano
e soltam-se fogos e olhamos pra cima..
como que esperando que algum sinal
se apareça, para mostrar que estamos no caminho certo.

As família se encontram, e se encontrando brigam
pois é isso que fazem as famílias que também se amam
e as que não brigam, choram de culpa
e as que não choram riem bêbadas do que está por vir

desse futuro aí na frente
na próxima esquina
chamando-nos e seduzindo
quem estiver a volta
sobre o que um dia se revelará.


Ouvindo_Closing Time_Semisonic

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crônica - Abertamente



Abertamente, quero lhe dizer, que gosto de você.
Gosto porque gosto, gosto porque é assim que tem que ser.

Sinceramente, me perguntei várias vezes o que diabos eu via em você de tão especial..se o seu jeito, ou talvez essa sua maneira de lidar com as coisas, tão peculiar.

Acontece que nunca lhe disse claramente, ou se disse não fui enfática e nem objetiva, sobre como eu gosto de você e como você é importante pra mim.
Simplesmente mencionei algumas vezes como a nossa história foi bacana, e com medo de que me abandonasse de vez, fui me contentando com as migalhas de uma amizade que bem, já não era mais amizade droga nenhuma.

E nesta de te achar um cara isso e aquilo, e coisa e tal, me perdi.
Me perdi nas vezes que tentei desesperadamente achar razão nas atitudes que você tomava. Ficava procurando duplos sentidos, mensagens subliminares e essas coisas que a gente que é mulher faz, pra tentar se enganar. Não havia nada.

Havia era tesão, desejo, um gostar..mas amor mesmo. Não havia e nunca houve.
Amor com você é outra história, coisa que poucos conhecem.

Me enganei profundamente achando que eu saberia a hora de parar. Não soube e quer saber, não sei.
Limites são para as coisas ralas, superfluas, mesquinhas.
Limites são para idiotas que tentam quantificar o amor.

Eu nunca poderia fazer isso.
Mas, como o amor é cego, eu jurei que podia.
Jurei que te manteria a distância, e que entenderia seus outros relacionamentos tão paralelos a mim.
Eu jurava, mentia, me enganava.

Até que chegou aquele dia, em que eu te coloquei meio na parede.
Apontei o dedo pra você, mas na verdade ele estava virado pra mim.
Te disse um tercinho do que eu sentia, e na mesma hora, como um bicho acanhado você fugiu.

Fugiu de medo, de raiva, de pavor..ou sei lá o que..
Mas fugiu..

Talvez você sequer ache isso e, pra falar a verdade, aquilo de você fugir foi meio patético. Mas eu te entendo. .

Amar não é fácil, nem é certo.

E eu também, deixei de lado essa de me esconder atrás do que eu penso..
Já que eu tenho dito tantas besteiras por aí, poderia me perdoar por dizer mais essa.

Gostei, amei e você não quis.
É isso aí.

Quem sabe outra hora, outra vida, outro você.
Quem sabe..

Abertamente..

Eu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

2011..o ano




Eu queria falar de como as pessoas foram importantes na minha vida nesse ano, queria dizer aqueles que não gostam de mim como fui vencedora e como fui capaz, mesmo contra a vontade deles.
Queria dizer aos meus familiares que venci, e que acho isso pois o ano foi muito dificil pra mim; mas nada disso seria verdadeiro se, antes de tudo eu não dissesse ao meu reflexo no espelho o quanto fui corajosa.

Mesmo que todas as pessoas acreditassem, e me apoiassem, mesmo que os meus amigos me sorrisem, mesmo que o tempo levasse aqueles que não gostam de mim para longe e ainda que meus familiares se orgulhassem, nada disso seria possível sem que eu tomasse conta da minha vida.

Fui eu ali, em cada palavra, em cada momento ingrato, em cada escorregão, em cada perdão consentido, em cada letra escrita. Fui eu, cavando as mentiras que escrevi para me contentar com o incontentável, eu que desenterrei os sentimentos que havia escondido de mim e dos outros. Fui eu que amei em terceira pessoa, eu que escrevi poemas que não serão lidos, eu que fiz blogs e mais blogs para dizer ao mundo o que estava se passando comigo.

E tem mais o que vir, tem muito mais.
Mas algo em mim morreu neste ano, assim como milhares de coisas nasceram.
Morreu a culpa, a falta do auto perdão, a carência desmedida, morreu o que já estava morto e que eu tentava reviver a qualquer custo.

E nasceram coisas boas, sim, elas nasceram.
Nasceram amizades inesperadas, pessoas maravilhosas, idéias geniais, músicas soletradas no violão, nasceu aquilo que foi plantado em todas as cartas e e-mails que escrevi. Naquilo que comecei e não terminei, na bagunça que tive de fazer dentro de mim para me arrumar.

Foram rompidas algumas barreiras também..a do silêncio, a do respeito e a do perdão.
Eu achei que poderia resolver meus problemas com palavras borradas pela minha escusa vontade de acreditar, e ninguém resolve problemas assim.
Eu achei que as pessoas me perdoariam, que elas me diriam coisas boas..mas eu só colhi aquilo que plantei. E é preciso se contentar com isso.

Se a grana estava curta e a cerveja pela metade, bebi o que restava.
Fui até o fim na minha luz e na minha treva.
Me vi lá dentro, inocente, pulsante, alegre, adulta, menina e mulher.

Chorei como nunca, rasguei minha alma pela metade, me dividi, me apaixonei, me trai.
Fui poeta, cantora, desenhista e pintora..

Plantei.
Cultivei plantas e com elas aprendi a esperar, guardei a ansiedade pra mais tarde.
Enfrentei o que tinha pra enfrentar.

Sorri para os meus medos, contei alguns de meus segredos..
Escrevi..

Escrevi muito..
Escrevi para você, para alguém, pra ninguém.
Escrevi, pois escrevendo vivo, permaneço..marco.

Escrevo, porque assim aprendi a me conhecer. Escrevendo cada palavra, cada rima, cada cantiga incrustada num violão partido, me fez ver que eu era muito mais do que alguém sem destino.
Eu era alguém, como tantos outros alguéns por aí vivendo.

Me pertencendo, me achei.
Me encontrando, pude me perder em mim.
Valorizar-me, amar-me, saber-me melhor..
Entender que o meu desejo é viver plenamente, criativamente, transformando o que me contorna, cantando músicas que ninguém conhece, ficando velha antes do tempo e adolescendo para o que é novo.

Me remendando em cacos, fui me costurando de volta.
Me reencaixando os pedaços, invertendo as peças, procurando novas luzes para minhas sombras.

Fui sacudindo o pó de guardado da minha alma, olhei direto para as questões que me circundaram e avancei. Calei a minha boca falante e deixei falar os olhos, e o coração.
A boca ainda precisa reparo, mas também sei hoje que excessos nem sempre são maus.

Me colando de volta, percebo como houveram coisas que mudaram de lugar.
Como existiram peças que não irão se encaixar nunca mais, e como sobra espaço pra um monte de coisa nova chegar.

2011 foi o ano.
Como nunca antes, como eu nunca imaginei.
Pela primeira vez, eu me encontrei comigo mesma, e dei um alô pra pessoinha que mora aqui dentro.
E a vi sorrindo..


E dito isso, é preciso agradecer a todos aqueles que estiveram presentes nesse ano que passou.
Aqueles que beberam comigo, os poucos que puderam dividir comigo suas lágrimas e seus sonhos, os que me abraçaram de verdade, os que almoçaram comigo, os que viraram madrugadas ao meu lado.Aos colegas de trabalho, e as chefias que também tanto me ensinaram nesse ano.
Quero agradecer ainda, aqueles que me desprezaram, me ignoraram, me foram rudes, me escrotizaram.
Obrigada por indiretamente me ensinarem lições preciosas.

Obrigada aqueles amigos que estiveram de longe, me observando em linhas de e-mails, ou no comunicador instantâneo. Aquelas pessoas que tem o dom de estar tão longe e ao mesmo tempo tão perto de mim.
Quero agradecer aos profissionais que conheci esse ano, e principalmente a duas mulheres que estão me ajudando nessa caminhada de mudanças.
Agradeço aos meus pais, por eles serem meus pais, e por terem sido tão verdadeiros comigo. Ao meu irmão que me mostrou que nunca é tarde pra mudar.

Obrigada ao meu companheiro que me ensinou coisas belas e lições inexplicáveis, que esteve comigo nos momentos de luta e nos momentos de glória e que dividiu comigo os pormenores da vida de casal.
Entrou comigo num projeto maluco que eu inventei, riu comigo e brigou comigo tantas vezes quanto foi preciso para me fazer entender as coisas.

E finalmente, obrigada a Ele, por ter me ajudado a parar de duvidar.


2011 foi o ano, muito obrigada.


Ouvindo_Junk of The Heart_The Kooks

* Quer ouvir The Kooks? Clica aqui ó



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Amigo




São poucos os que nos entendem
os que compreendem nessa loucura
o nosso tesão pela vida
e pelas coisas que nos acontecem


são poucos os que riem para nós,
com sinceridade nos olhos e nos lábios
os que nos elucidam a mente
os que nos contam mais do que o necessário

são poucos os que nos vêm por aí
os que nos acham sensacionais
os que nos notam no meio da multidão
que nos percebem enquanto
choramos, caimos e cantamos

são poucos como eu e você
e são muitos se comparados
as tantas pessoas insignificantes no meio do caminho


mas somos nós, lá
no meio da balburdia
no meio do coitidiano que urge
onde aparecemos

com os nossos sorrisos bobos no
rosto e quase sempre, querendo sempre mais..

somos nós, meu amigo
atrás dessa coisa que nos satisfaz
atrás do logo mais, do daqui pra frente
e do que vai adiante

somos nós..
e isso,
só hoje, nos basta.


Ouvindo_Oswaldo Montenegro_Sempre não é todo dia

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Escolha



 
A questão era escolher.
Escolher por escolher simplesmente, tomar uma atitude, decidir por um dos lados do muro.
E ela, que havia recusado aquilo a vida toda, perdia completamente o controle. Já não sabia mais o que era dela, nem mesmo sabia quem era ela depois daquele triste dia.
Os domingos tinham perdido sua graça desde então, assim como todo o resto da semana. Segundas intermináveis, terças incontroláveis e quartas meia boca invadiam-lhe em seus pensamentos distantes sobre as escolhas que nunca havia feito.

Certo é que, ela tinha escolhido não escolher, e mesmo aí, havia esperança, ela pensava.
Chegava a achar aquilo um tanto chato, já que se gabava internamente por ter se poupado de grandes decisões. Sentia-se confortável sobre a situação e não via motivo em modificar-se até que aquilo tudo aconteceu.

O seu mundo protegido pela sua ausência momentânea, desmoronava diante dela de maneira cruel, e ela sequer sabia o que poderia fazer. Afinal, fazer é algo que vem logo em seguida a escolher.
Palavras distantes no vocabulário meio monossilábico que adotara agora, enquanto assistia a cena. Palavras que perderam o sopro de vento que ainda restava dentro de sua garganta.
Ela, complacente, aceitou chorando seu destino, escolhendo não escolher como sempre, preferiu enfiar-se numa dessas de auto piedade e culpa, engolindo o choro e a raiva, e as dúvidas e ela mesma numa proteção exagerada, sabe-se lá do que.

Já não existia ela, era só uma figurante interpretando seu papel. Seu papel conhecido de mulherzinha, enquanto dentro dela montanhas russas gigantes se esticavam, um coração batia acelerado e medos se transformavam em coragem, num lugar onde ela poderia ser quem ela realmente era.
E lá nesse lugar, no fundo do seu coração ela se deixou ficar.

E enquanto observava tudo ruir, como que numa explosão gigantesca, algo dentro da mulher se mexeu. Ela não soube se era ela, ou se apenas uma movimento involuntário como que num espasmo d’alma, e então ela se viu.
Viu-se lá dentro trancada, ensimesmada.
Avistou a sua versão original, tão triste e desencantada que se perdeu em seu olhar por algum tempo. Olhou-a com atenção e enquanto olhava, as coisas iam mudando de lugar, ficando verdes, amarelas, rosadas, mistas, as grades que a protegiam iam se transformando em cordas, depois em laços delicados e finalmente em fitilhos coloridos.

Ela estava assumindo seu papel de novo.
Resgatando dentro dela mesmo a alegria que havia perdido, recuperando sua força e sua coragem, tomando sua vida de novo pela mão e escolhendo.
Escolhendo viver a vida, escolhendo escolher o que ela queria, escolhendo dizer ao mundo a que veio.

E escolhendo, firmou-se.
Estava transformada a questão.
Seu mundo já sabia quem ela era agora.
Tudo isso, enquanto seu mundo desabava. Tudo isso enquanto tudo teimava em ser não.
Ela escolheu resgatar-se.


Ouvindo_Old Folks (New Year)_Rosie and Me

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Waves of choice





Nas minhas escolhas mando eu,
mando quem quiser mandar
deixo quem quiser deixar

nas minhas escolhas
todas tão indefinidas
deixo o tempo passar

e quanto mais eu me entendo
pior começa a ficar
porque mais me desconheço
e há tanto o que consertar

a mim e as tantas escolhas
certas e erradas que cometi
todas enfileiradas
me buscando como zumbi

só posso contemplar
e admitir
que o tempo é a escolha do presente
do que ficou aqui.

Ouvindo_Lily Allen_Everybody is Changing

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Finais








Só um minuto, meu bem
pra eu lidar com o que
agora se desfaz

só mais um minuto
e eu não vou voltar atrás

e vou saber
que mesmo enquanto
a minha negação durar
eu vou sofrer
pois não soubemos amar

quantos dos meus erros
já contabilizei
e que em não dizer nada
eu muito dizia
sem querer

porque o amor
só arde enquanto é fogo
só arde de verdade
em quem não há de temer.



Ouvindo_Beni_Kalouv

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Onde estão os chatos?




Onde estão os chatos?
Sim, eu sei. Parece que eles estão em todos os lugares, mas não estão.
Eles se disfarçam de chatos, mas são só hipócritas querendo nos chamar a atenção.

Os chatos mesmo, sumiram.
Não sei onde foram.

Quem dá as caras agora é a briga religiosa, os ofendidos, os moralistas, as questões político partidárias, as banalidades, os contras, os a favor, os indecisos e até mesmo os que só querem soltar o verbo de graça, sem motivo.

Mas os chatos, os velhos chatos de antigamente, esses sim, estão extintos.

Veja você,caro leitor, que deram agora para se ofender com tudo.
Se ofendem com uma foto, uma peça de arte, uma música, uma situação e até mesmo, uma piada.
Sim, e estamos falando aqui, do Patro Pizza, o País da Piada Pronta. É quase como dizer que mora em Minas Gerais e odeia pão de queijo.

Eu sinto saudades dos chatos. Aquelas pessoas que arrumavam picuinha com vontade, sem motivo específico, sem esculhambação. Acho até que os chatos de antigamente, eram mais legais.
Eles não se justificavam em discursos políticamente (e hipocritamente) corretos.
Eles eram chatos pois sabiam sê-lo.
Sabiam encher o saco, sabiam o que falar mas, participavam de um grupo seleto de pessoas chatas.

Fulano é chato, sicrano é chato, beltrano é chato, diziamos as vezes.
Mas eles estavam lá, no isolamento, em pontos específicos, em movimentos espaçados e esquivos.

Eu não sei aonde eles foram, ou se foram eles mesmo que num ato de rebeldia e claro que, com o advento da internet, que resolveram se unir em uníssono e insuportável grito de glória.
Sim, pois eles estão nos vencendo.

Nos vencem todos os dias.
Na nossa dignidade, na nossa humanidade.
Nos vencem em incutir em nossas cabeças ocas que devemos interpretar corretamente os papéis dessa sociedade torta e sem limites.

Eles estão nos vencendo..
Logo eles, tão chatos e impopulares.

E fique esperto, porque agora, chatisse viou um vírus contagioso.
Um espécie de dengue moral que penetra na sua mente e faz com que também você, passe a se sentir ofendido, enganado, ludibriado. Você passa a criticar o que não te convence e tenta colocar o mundo sobre os seus parâmetros.

Mas calma lá minha gente!
Tem visão de mundo pra todos.

Vamos dar um pouco mais de espaço para as pessoas se manifestarem, nas SUAS conclusões.
Vamos abrir a cabeça um poquito mas, e ouvir simplesmente, sem emitir opinião. Até porque my friends, a caixa de comentário da notícia, não muda mundo, não vira mesa e não bota ninguém na cadeia.

Vamos abandonar esse movimento dos chatos pelos chatos!
Vamos largar mão de pentelharmos os artistas, os humoristas, os religiosos, os ateus, os imorais, os morais.
Deixa isso pra lá.

Tudo urge em coisas mais importantes, em militâncias mais oportunas, em defesas mais cruciais.
Vamos olhar para os seres humanos e para sua fragilidade, que também é nossa.
Porque até mesmo os chatos, são falhos e são fracos.

Levantemos outras bandeiras, outras estampas.
E vamos à luta, pois, quem vence é quem faz, e não quem crítica.


Afinal, os chatos sempre estarão lá, no fundo da festa, enquanto a música toca, esperando a banda passar.


Ouvindo_A Luz de Tieta_Caetano Veloso

feliz?







Felizes os que choram
que oram
que vivem por aí

felizes os que se manifestam
se expressam
esses que saem vagando
pelas ruas
se estendem em bares
se questionam
e não se enrubescem

felizes o que amam
os que se apaixonam
os que tocam com delicadeza
até os dissabores da alma

felizes os que vivem
plenamente
sem medo do amanhã
ou de um futuro qualquer

felizes, assim, naturalmente

Ouvindo_Fanfarra_Mamelungos

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Estampa





preciso mudar de cara
estampá-la com algum sorriso meu
mudar de cor

colorir a fronte com algum batom
que valha
derrubar muralhas
as de dentro e de fora
que tanto me impedem

saber me só e mesmo assim
prosseguir acompanhada
nessa jornada
minha e de tantos alguéns

preciso me deixar falar
pra dentro
ouvir o meu sentimento
curar feridas
me notar

só assim posso ir pra uma
nova história
fincar meu pé
n'um outro lugar


Ouvindo_Tesoura do Desejo_O Grande Encontro

domingo, 20 de novembro de 2011

30 DIAS SEM ...O projeto

Primeiro fiquei sem carne, ok..
e agora, resolvi ficar 30 DIAS SEM SEXO..


Isso, não se engane..
Você leu corretamente, é 30 dias sem sexo!!!

Acompanhe mais detalhes no blog oficial: 30 DIAS SEM


Veja o vídeo:


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

De repente cor




As cores me tocam
e mais do que nunca
as cores me desamarram

eu não sabia que esse colorido
estava todo dentro de mim
sendo bordado aos caprichos
pelas minhas feridas ainda abertas

pedras filosofais, negritos e itálicos frases soltas e manias..
deixando em mim suas marcas
suas palavras marcadas, suas pinturas

o meu colorido agora é outro
é mais bonito de ver de dentro
mesmo quando o negrume em mim se espalha
estou mais preparada para enxergar
usar os olhos pra ver, e não para escutar


meu colorido vai te pintar
e destruir todos os castelos cor de rosa que construimos
e todas as vezes que dizemos não

vai transformar tudo de novo, o preto no branco
no amarelo e no azul
o anil que acalma e o verde do meu Brasil

meu colorido
vai me salvar.


Ouvindo_Aquarela_Toquinho

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Por favor




Só por hoje, me desligue
me desconecte
me interrompa temporariamente

só por hoje, me deixe off line
solitária do mundo real
longe das mentiras que inventam
para contemporizar
longe dos pleonasmos
que não quero escutar

me tire da tomada, só por hoje
e me desplugue
e me descarregue

deixa eu me recompor só
deixa eu usar meus neurônios em mim

deixa eu me deleitar
na minha rede, antisocial aflita
ficar inativa pro mundo que urge
me embebedar tranquila
longe de bocas e dedos que não param de falar

me desligue por favor
e amanhã tudo estará bem
amanhã tudo estará zen.



Ouvindo_O velho e a flor_Toquinho e Vinicius de Moraes

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Batom vermelho






Seus vestidos leves, te deixavam alegre.
Pois diziam no fundo, que ela ainda podia vestir algo e se sentir mulher, bonita, feminina.
Nunca foi nada daquilo, nem bonita, nem feminina, nem mulher.

Era moleca, distraída, divertida, falastrona, mas não mulher.
Mulher era pra outras, pensava ela.
Ela que odiou rosa por tantos anos, ela que sequer sabia andar em cima de um salto, ela que nem se ligava tanto assim em moda.
Mas ligava.

Quando se descobriu menina. Tomou um susto! Peitos e pernas e bunda ali, a deriva. Num corpo magro, que foi ficando cada vez mais volumoso, numa cara fina, que foi ficando redondamente estranha. Naquela sensação permanente que tudo estava fora de lugar.

Cortara seus cabelos quase vermelhos de inúmeras formas
decotou-se
despiu-se
cobriu-se
e mesmo assim a sensação de desajeitamento permanecia

as roupas que não lhe cabiam
as coisas que não combinavam
os tons que não ornavam

tudo num misto de molecagem blasé
tão nada a ver como entrar numa rua pelo lado errado

Até o encontro com aquele batom vermelho.

Andava se convencendo que um batom podia colocar ordem em si.
Sempre fugira de batons vermelhos, as bocas ruge sempre lhe foram extremamente sensuais e assustadoras
Talvez por que ela mesmo tivesse medo de ser sexy e lindamente horrorizante

Pediu o batom, e ali na frente de tantos conhecidos
passou-o na boca, sentindo-se uma verdadeira despudorada
batom devia ser um negócio pra passar escondido
de tanto que ela achava aquela protuberância de lábios
sensual até pra ela mesma

E ainda assim, parecia que os outros ao seu lado
mal percebiam que ela se sentia cometendo um crime

Passou
e olhou primeiro a boca, depois o conjunto
o rosa avermelhado tinha lhe dado outra cara, é verdade
as cores “nude”  que andava usando não demonstravam quem era ela...
só escondiam-na mais no estereótipo que ela fingia acreditar ser dela

Salva por um batom vermelho, ela pensava
um batom vermelho, que ela sempre desacreditara

Um batom vermelho pra pintar-lhe a cara,
pra simplesmente
mostrá-la.



Ouvindo_How'd You Like That_The Kooks (cd novo Junk of the Heart)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Música Ilustrada

Navegando nesse paraíso insólito internético, eis que achei um tal de logomusica
Onde o barato é ilustrar músicas..


Coloquei aqui as primeiras que eu vi lá..
os desenhos são sensacionais!!






Melô do Tchan

Pimpolho

Água Mineral

Bee Gees

Melô do Creu



Ouvindo_Pra Alegrar Meu Dia_Tiê

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Finalmente



 

Foi assim a nossa história
um tantinho de mentira
um cheirinho na minha fronha

não falou nada,
e só ria singelo
do que eu escrevia e do pouco
que cantava e tremia

eu tola
achava, esperava
escrevia e não mandava
achava que um dia
ia gostar de mim

mas foi assim, meu bem
que ficamos
essa coisa de
tá tudo certo,
fique com Deus
vá pelo deserto

nem pra você, nem pra mim

então, agora
que estou mais calma
e abrandada
já navego por outras águas
peço a trégua,
passo a régua
e lhe imploro
para colocarmos
nessa questão
um fim.



Ouvindo_Sá Marina_Som Três

Incolores





Amarelos pastéis na parede
e um verde envelhecido
dá o tom a esses dias
incolores

o jeans nem tão roto e meus vestidos azuis
todos em lançamento, todos em profusão
numa mistura de braços e barras
tentando parecer o que não são

os rostos embaçados e a mesmice da rotina
deterioram aos poucos o meu sorriso
inventando compromissos que
não servem senão
para me fingir de atriz

traço com música os movimentos calados
que queria fazer e não fiz

tudo solto sem espaço
como se eu ficasse perdida no abraço
da menina que fui um dia.


Ouvindo_Com a Ponta dos Dedos_Wado feat. Marcelo Camelo anda Mallu Magalhães