quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

primeiríssima permissão



Imagino que não deva ser somente eu que me perco as vezes nas madrugadas da vida, com a cabeça cheia de idéias, o coração acelerado e sem conseguir dormir. Acho que isso assombra até o mais pacato dos seres humanos, mesmo que vez ou outra.

Mas aí, eu fiquei ali apreciando o silêncio daquele momento. Fiquei deixando minha mente navegar naquela escuridão, deixando os sentimentos virem a tona, quase que numa terapia intensa comigo mesma. Naveguei por entre medos, sonhos, desejos, realidades.
Fiquei ali, olhando para o led dos receptores da tv, a luzinha piscando do celular, e ouvindo os sons da casa.

Contemplava a existência, por assim dizer.
Numa noite de primeiro de janeiro com muitas questões a serem respondidas, e quase nenhuma resposta assertiva em minha mente, deixei-me conduzir por aquele emaranhado de coisas que circundavam minha cabeça.
Me emocionei, me critiquei, me perdoei, me entendi.

Rezei. Pois é preciso ter fé que tudo irá melhorar, que as coisas vão mudar, que esse despermanecer intenso que me consome, pode sim me mover pra algum lugar. E aí, desejei que todo mundo que se preste, devia  conversar mais consigo, ouvir mais a própria cachola, entender mais o que o corpo está dizendo. Que devia ser obrigatório, ou vital, sentar só por alguns instantes e deixar que a cabeça fale, que o coração ensine, que o mundo faça silêncio para que se possa ouvir. Mesmo que diante de tanto barulho e de tanta informação que circula, que estejamos prontos para calar.

E nesse desconectar madrugal, me vi ali sentada na cama, como nunca antes. Sem medos do escuro, sem medos do que eu não via, sem medo de sentir, de bagunçar as idéias, sem medo de não fazer sentido.


Na madrugada do primeiro dia, pela primeira vez, me permiti.



Ouvindo_Trying to Pull Myself Away_Trilha de "Once"

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