quinta-feira, 15 de outubro de 2009

À espera


Observo as pessoas na rua..
e sempre tenho a sensação de que estão de alguma forma a espera..

a espera do ônibus que não vem,
da ligação que falhou
de alguém que não chega..

ao meu redor sinto as pessoas sempre esperando..
esperando pela grana do fim do mês..
pelo amor da vida
pelo sucesso..
pelo progresso..

a espera é amiga do desejo..
seja lá do que for..
o desejo existe e gera em nós uma angústia,
uma ansiedade, um sei lá o que..
e esse sei lá o que é espera..

espera amarga, triste..
espera que em alguns de nós quase mata..

espera que ensina..
que nem tudo deve ter pressa..
que nem tudo é imediato...
que às vezes o sereno é necessário..
e quanto mais demorada a espera
mais gostoso é o encontro com o desejo..

e assim, vivendo nesses mozaicos
de alegrias e tristezas..
de espera e de encontro
vamos tocando o barco da vida..
deixando ela ir longe..
sem controle..
sem desejo..
só a espera por algo que não se pode imaginar..


Ouvindo_Casey Dienel_Everything

2 comentários:

Bruno disse...

O inesperado, a espera de uma boa nova. A espera sempre tem gosto de saudade, de algum tempo que algo inesperado aconteceu e foi surpreendente.

Macário Campos disse...

Como sempre me surpreendo com seus textos, além do conteúdo, a forma também é muito agradável de se ver.
Este post de cara me lembrou a música do Chico, Pedro Pedreiro, com a letra a seguir e o link para escutá-la, isto na gravação de 1966.
Toda esta produção merece uma seleção e ser impressa.

http://www.divshare.com/download/8946959-a1d






Pedro Pedreiro
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol esperando o trem, esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo espere alguma coisa mais linda que o mundo
Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá o desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás, quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também
Esperando a festa, esperando a sorte, esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém, esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem...
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem