quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A medida..






Qual é a medida?
entre o certo e o errado...
entre ser e não ser..

Qual é a medida certa do aperto de mão..
aquele suficientemente firme pra não parecer piegas?
ou aquele desajeitado e frio quase que com nojo
demonstrando sei lá o que?

a medida do sorriso pra atendente que insiste em não sorrir..
quero saber a dose de afeto para com os menores..
os garis, os garçons, aqueles que nos servem durante reuniões..
que limpam nosso chão..que arrumam nossa casa..

devo ser comunicativa e espontânea ?
discreta e reservada?
muda?
qual é a exata medida que as pessoas querem..
de mim?

quantas piadas?
quais palavrões devo ou não falar..
mesmo que a minha vontade seja de sair xingando o mundo e exorcizando meus fantasmas?
qual a medida de pudor?
de ódio? Ahh..o ódio..
qual a medida de raiva..de complacência, de alegria..
devo usar para com os meus..

quem dita as regras?
se é que alguém as dita..
será mesmo que esse senso comum existe..
essa hipocrisia barata e gasta,
suja pelos escrúpulos de todos..
tolos..


me diga aí,
qual é a medida..
quando a minha dor se torna tão grande perto da de outros..
que me torno pequena até mesmo para enxergar que cada um no seu canto
chora o seu tanto..

qual é a medida da alegria que devo usar?
pois se sou espontânea, vivo a ouvir reclames dos mais perversos
sobre o mau tempo da cabeça de outros tantos, tão desinteressantes e desinteressados..
qual é a justa medida?
aquela que transforma pessoas em Deuses?

que discrição é essa que me pedem aos gritos..
enquanto rolam coisas inescrupulosas debaixo do tapete..

todo mundo é sujo..
xinga...
odeia, sente raiva..
chora, sente saudade..
ama e perdoa..

todo mundo que vive aqui é assim..

e quer saber, que se dane se existem momentos que determinadas atitudes não cabem..
que o momento não era esse..
que tudo tem sua hora e seu lugar..

sim, porque existem sempre aqueles que insistem achar
que suas atitudes tão polidas são boas demais..
certas e sérias demais..
que o bom senso está sempre regulado..
sempre acertado..

Para que?
Pra escondermos isso que nos invade a alma..
isso que percorre a nuca antes de dormirmos..
esse monstro de língua afiada..
de dedo em riste
pronto para apontar a menor imperfeição..
a primeira incoerência..

Pobres..sujos...
desumanos..
somos isso..
e um monte de outras coisas..

pena, que demoramos tanto para aprender a amar
incondicionalmente a nós mesmos..
a nossas tolices..
o nossos medos bobos e gigantes de ser feliz..
pena que demoramos tanto
para redescobrir..

Nós mesmos..


Ouvindo_ Como tudo deve ser_Charlie Brown Jr.

Um comentário:

Christian Saboia disse...

Que gostoso ler seu texto e lembrar de vc. Grande beijo!