sexta-feira, 17 de agosto de 2007

entre a loucura e a insensatez..


No caminho pro trabalho com o som no talo venho pensando na vida..
olhando as pessoas à minha volta e refletindo sobre as desigualdades
que cercam meu país..Entro na “vanzinha” que leva o nome: Jd. Campo de Fora ( que eu não faço a menor idéia de onde fica) , então eu e mais alguns trabalhadores cansados, cada um com seu jornal, livro, mp3 entramos vencidos na bendita.

Com os olhares perdidos no nada, olhando tristonhos a paisagem suja que nos cerca, o rio morto, as ruas sujas a van vai passando..deixando os olhares mais longínquos.


Confesso que sempre vejo beleza nessas horas. Sempre existe alguém sorrindo, fazendo alguma coisa estranha, brincando com os outros colegas “de ponto”, desejando um bom dia, as pessoas no ponto olhando ansiosas os ônibus que vão passando, acendendo seus cigarros, comendo um bolo ou tomando um café dos ambulantes que ficam em cada ponto de ônibus dessa cidade.
Seguimos viagem por entre carros, motos e pedestres, e de repente entramos em um paraíso de casas, jardins bem cuidados, carros bonitos, pessoas bem vestidas.

Dentro da van, olho pela janela os carros ao nosso lado no trânsito.. Pessoas com seus relógios caríssimos, seus carros importados, suas roupas bem alinhadas, e me sinto ao mesmo tempo longe e perto deles.


Distante pelo fato de que as nossas vidas seguem por caminhos diferentes, pelo menos por enquanto, e me sinto perto delas pois assim como eu que estou na van com os pensamentos soltos, eles também acordaram cedo para irem ganhar o pão e estão ali tão cansados quanto eu e os outros esperando a boa vontade dos senhores do trânsito liberarem o tráfego.



Volto meus olhos para dentro da van novamente, percebo um senhor do meu lado..
Um homem com um olhar cansado, e até um pouco triste, que pelo comportamento um pouco mais agitado que os demais, acaba dando a entender que deve ter algum problema de saúde. Sua mulher, ou irmã, ou amiga, não sei ao certo, fica olhando-o de soslaio, com a preocupação de uma mãe que olha o filho..
É uma cena bonita. Triste, mais bonita..Passo meus olhos nos outros passageiros e eles parecem alheios a aquele momento tão simples mais cada vez mais raros nessa cidade enorme..

Fico pensando o que será que os tinha levado aquele bairro. Um emprego? Um amigo? Algum parente melhor de situação? Uma visita? Fico sem respostas, pois eles descem do mini ônibus no qual estou.
Olha pra fora, depois do nheeeec da porta e uma contrastante cena aparece: os dois ali, parados esperando- nos sair da frente e atrás deles casas imensas, com muros altos e plantas..muitas plantas verdes, bem cuidadas.

Fico olhando cada casa e fico horrorizada com cada uma delas, me pergunto: quem mora nesses lugares? Eles são felizes? Tem problemas como os nossos?
A resposta que me passa pela cabeça é que sim, eles são como nós. Seres humanos quaisquer vivendo suas vidas, fazendo o seu melhor..



As casas vão passando, os carros vão se amontoando em frente ao sinal, as pessoas atentas e apressadas atravessando a rua, alheias também ao céu sempre nublado de São Paulo que vem para tentar entristecer esta sexta – feira. Fico quieta em meu canto, continuo a olhar e pensar..
Meu cérebro rápido como um raio vai passando as informações do dia. Meu HD cerebral vai me dando um “report” das tarefas diárias, obrigações, pendências, horas de descanso, o fim de semana que se aproxima.


Lembra do baixinho que eu falei a uns post atrás? Ele, sentado em sua cadeira vai ficando tenso quando eu penso na partida do meu lindo, na tristeza, na saudade, nos dias de solidão..
Ele (o baixinho!) levanta com uma sobrancelha em pé quando eu penso na possível vinda da minha mãe..
E meu cérebro emite um alarme: AVISO DE GASTRITE..
Lembro de minha amiga mais cedo dizendo no ônibus: “Lú, tudo vai dar certo” e sinto o baixinho se sentar novamente...
Ainda bem!

Me concentro de novo nas pessoas, e fico pensando nas empregadas domesticas, nos serviçais, nos garçons, nos pedreiros, nas secretárias..em todo mundo..
Chego no trabalho com um sorriso no rosto..
E empolgo-me ao ler no calendário ao meu lado: Sexta – Feira, 17 de agosto de 2007.

E assim, fica tudo bem...
pelo menos por enquanto!

Um comentário:

Luize disse...

Lindo o texto!! :)

eii, não to conseguindo conectar no skype ¬¬
não sei pq... aff...
:*