segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Finais








Só um minuto, meu bem
pra eu lidar com o que
agora se desfaz

só mais um minuto
e eu não vou voltar atrás

e vou saber
que mesmo enquanto
a minha negação durar
eu vou sofrer
pois não soubemos amar

quantos dos meus erros
já contabilizei
e que em não dizer nada
eu muito dizia
sem querer

porque o amor
só arde enquanto é fogo
só arde de verdade
em quem não há de temer.



Ouvindo_Beni_Kalouv

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Onde estão os chatos?




Onde estão os chatos?
Sim, eu sei. Parece que eles estão em todos os lugares, mas não estão.
Eles se disfarçam de chatos, mas são só hipócritas querendo nos chamar a atenção.

Os chatos mesmo, sumiram.
Não sei onde foram.

Quem dá as caras agora é a briga religiosa, os ofendidos, os moralistas, as questões político partidárias, as banalidades, os contras, os a favor, os indecisos e até mesmo os que só querem soltar o verbo de graça, sem motivo.

Mas os chatos, os velhos chatos de antigamente, esses sim, estão extintos.

Veja você,caro leitor, que deram agora para se ofender com tudo.
Se ofendem com uma foto, uma peça de arte, uma música, uma situação e até mesmo, uma piada.
Sim, e estamos falando aqui, do Patro Pizza, o País da Piada Pronta. É quase como dizer que mora em Minas Gerais e odeia pão de queijo.

Eu sinto saudades dos chatos. Aquelas pessoas que arrumavam picuinha com vontade, sem motivo específico, sem esculhambação. Acho até que os chatos de antigamente, eram mais legais.
Eles não se justificavam em discursos políticamente (e hipocritamente) corretos.
Eles eram chatos pois sabiam sê-lo.
Sabiam encher o saco, sabiam o que falar mas, participavam de um grupo seleto de pessoas chatas.

Fulano é chato, sicrano é chato, beltrano é chato, diziamos as vezes.
Mas eles estavam lá, no isolamento, em pontos específicos, em movimentos espaçados e esquivos.

Eu não sei aonde eles foram, ou se foram eles mesmo que num ato de rebeldia e claro que, com o advento da internet, que resolveram se unir em uníssono e insuportável grito de glória.
Sim, pois eles estão nos vencendo.

Nos vencem todos os dias.
Na nossa dignidade, na nossa humanidade.
Nos vencem em incutir em nossas cabeças ocas que devemos interpretar corretamente os papéis dessa sociedade torta e sem limites.

Eles estão nos vencendo..
Logo eles, tão chatos e impopulares.

E fique esperto, porque agora, chatisse viou um vírus contagioso.
Um espécie de dengue moral que penetra na sua mente e faz com que também você, passe a se sentir ofendido, enganado, ludibriado. Você passa a criticar o que não te convence e tenta colocar o mundo sobre os seus parâmetros.

Mas calma lá minha gente!
Tem visão de mundo pra todos.

Vamos dar um pouco mais de espaço para as pessoas se manifestarem, nas SUAS conclusões.
Vamos abrir a cabeça um poquito mas, e ouvir simplesmente, sem emitir opinião. Até porque my friends, a caixa de comentário da notícia, não muda mundo, não vira mesa e não bota ninguém na cadeia.

Vamos abandonar esse movimento dos chatos pelos chatos!
Vamos largar mão de pentelharmos os artistas, os humoristas, os religiosos, os ateus, os imorais, os morais.
Deixa isso pra lá.

Tudo urge em coisas mais importantes, em militâncias mais oportunas, em defesas mais cruciais.
Vamos olhar para os seres humanos e para sua fragilidade, que também é nossa.
Porque até mesmo os chatos, são falhos e são fracos.

Levantemos outras bandeiras, outras estampas.
E vamos à luta, pois, quem vence é quem faz, e não quem crítica.


Afinal, os chatos sempre estarão lá, no fundo da festa, enquanto a música toca, esperando a banda passar.


Ouvindo_A Luz de Tieta_Caetano Veloso

feliz?







Felizes os que choram
que oram
que vivem por aí

felizes os que se manifestam
se expressam
esses que saem vagando
pelas ruas
se estendem em bares
se questionam
e não se enrubescem

felizes o que amam
os que se apaixonam
os que tocam com delicadeza
até os dissabores da alma

felizes os que vivem
plenamente
sem medo do amanhã
ou de um futuro qualquer

felizes, assim, naturalmente

Ouvindo_Fanfarra_Mamelungos

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Estampa





preciso mudar de cara
estampá-la com algum sorriso meu
mudar de cor

colorir a fronte com algum batom
que valha
derrubar muralhas
as de dentro e de fora
que tanto me impedem

saber me só e mesmo assim
prosseguir acompanhada
nessa jornada
minha e de tantos alguéns

preciso me deixar falar
pra dentro
ouvir o meu sentimento
curar feridas
me notar

só assim posso ir pra uma
nova história
fincar meu pé
n'um outro lugar


Ouvindo_Tesoura do Desejo_O Grande Encontro

domingo, 20 de novembro de 2011

30 DIAS SEM ...O projeto

Primeiro fiquei sem carne, ok..
e agora, resolvi ficar 30 DIAS SEM SEXO..


Isso, não se engane..
Você leu corretamente, é 30 dias sem sexo!!!

Acompanhe mais detalhes no blog oficial: 30 DIAS SEM


Veja o vídeo:


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

De repente cor




As cores me tocam
e mais do que nunca
as cores me desamarram

eu não sabia que esse colorido
estava todo dentro de mim
sendo bordado aos caprichos
pelas minhas feridas ainda abertas

pedras filosofais, negritos e itálicos frases soltas e manias..
deixando em mim suas marcas
suas palavras marcadas, suas pinturas

o meu colorido agora é outro
é mais bonito de ver de dentro
mesmo quando o negrume em mim se espalha
estou mais preparada para enxergar
usar os olhos pra ver, e não para escutar


meu colorido vai te pintar
e destruir todos os castelos cor de rosa que construimos
e todas as vezes que dizemos não

vai transformar tudo de novo, o preto no branco
no amarelo e no azul
o anil que acalma e o verde do meu Brasil

meu colorido
vai me salvar.


Ouvindo_Aquarela_Toquinho

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Por favor




Só por hoje, me desligue
me desconecte
me interrompa temporariamente

só por hoje, me deixe off line
solitária do mundo real
longe das mentiras que inventam
para contemporizar
longe dos pleonasmos
que não quero escutar

me tire da tomada, só por hoje
e me desplugue
e me descarregue

deixa eu me recompor só
deixa eu usar meus neurônios em mim

deixa eu me deleitar
na minha rede, antisocial aflita
ficar inativa pro mundo que urge
me embebedar tranquila
longe de bocas e dedos que não param de falar

me desligue por favor
e amanhã tudo estará bem
amanhã tudo estará zen.



Ouvindo_O velho e a flor_Toquinho e Vinicius de Moraes

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Batom vermelho






Seus vestidos leves, te deixavam alegre.
Pois diziam no fundo, que ela ainda podia vestir algo e se sentir mulher, bonita, feminina.
Nunca foi nada daquilo, nem bonita, nem feminina, nem mulher.

Era moleca, distraída, divertida, falastrona, mas não mulher.
Mulher era pra outras, pensava ela.
Ela que odiou rosa por tantos anos, ela que sequer sabia andar em cima de um salto, ela que nem se ligava tanto assim em moda.
Mas ligava.

Quando se descobriu menina. Tomou um susto! Peitos e pernas e bunda ali, a deriva. Num corpo magro, que foi ficando cada vez mais volumoso, numa cara fina, que foi ficando redondamente estranha. Naquela sensação permanente que tudo estava fora de lugar.

Cortara seus cabelos quase vermelhos de inúmeras formas
decotou-se
despiu-se
cobriu-se
e mesmo assim a sensação de desajeitamento permanecia

as roupas que não lhe cabiam
as coisas que não combinavam
os tons que não ornavam

tudo num misto de molecagem blasé
tão nada a ver como entrar numa rua pelo lado errado

Até o encontro com aquele batom vermelho.

Andava se convencendo que um batom podia colocar ordem em si.
Sempre fugira de batons vermelhos, as bocas ruge sempre lhe foram extremamente sensuais e assustadoras
Talvez por que ela mesmo tivesse medo de ser sexy e lindamente horrorizante

Pediu o batom, e ali na frente de tantos conhecidos
passou-o na boca, sentindo-se uma verdadeira despudorada
batom devia ser um negócio pra passar escondido
de tanto que ela achava aquela protuberância de lábios
sensual até pra ela mesma

E ainda assim, parecia que os outros ao seu lado
mal percebiam que ela se sentia cometendo um crime

Passou
e olhou primeiro a boca, depois o conjunto
o rosa avermelhado tinha lhe dado outra cara, é verdade
as cores “nude”  que andava usando não demonstravam quem era ela...
só escondiam-na mais no estereótipo que ela fingia acreditar ser dela

Salva por um batom vermelho, ela pensava
um batom vermelho, que ela sempre desacreditara

Um batom vermelho pra pintar-lhe a cara,
pra simplesmente
mostrá-la.



Ouvindo_How'd You Like That_The Kooks (cd novo Junk of the Heart)